Chegou o outono… via @countrylivingmag
1) Sou vidrada na Maira Kalman — devoro todos os livros ilustrados dela. Dona de uma sensibilidade, senso de humor e talento sem igual :) No dia 15/10, ela lança mais um: Still Life with Remorse.
Nessa nova publicação, Maira conta a história de sua família desde o nascimento de seu avô na Bielorrússia até a emigração para Tel Aviv – onde ela nasceu. A autora ilumina a complexa relação entre memória, arrependimento, felicidade e herança. Suas ilustrações acompanham essas peças autobiográficas — a maioria são imagens de naturezas-mortas e interiores. Além de vinhetas que exploram suas origens, Maira inclui contos sobre outros grandes artistas, escritores e compositores, como Leo Tolstoy, Franz Kafka, Gustav Mahler e Robert Schumann.
Pelo site dela, dá para adquirir a versão que vem numa bolsinha de linho bordada. Quem vai resistir?
2) Por falar em ilustradores talentosos, também me amarro nas criações da holandesa Luca van Vliet. Ela lança as cerâmicas em coleções cápsula e tudo se esgota em segundos… Recentemente consegui arrematar uma. De enlouquecer!
Coisinhas assim, feitas à mão, mexem comigo ;)
3) Outro dia, arrastei um dos meus filhos adolescentes ao Brooklyn Museum. Quando dei Google nos highlights do acervo, descobri que eles têm um porco-espinho de faiança egípcia — mesmo material e cor do hipopótamo William do Met, sobre quem escrevi aqui umas edições atrás.
Para minha surpresa, chegando lá, o bichinho estava exposto ao lado de um gêmeo do William! Não sei se tão charmoso quanto, mas exatamente do mesmo tamanho, cor e material do famoso mascote do Met. Fiquei em choque — juro. Como assim dois Williams? Haha. Também aproveitamos para visitar clássicos como a estante do Ettore Sottsass, a mesa de jantar de Judy Chicago e esse vaso abaixo — que eu nunca tinha visto e adorei. Olha o tom e a textura dele, que deslumbre!
Nas fotos, o icônico móvel de Sottsass — do Memphis Group —, a mesa de jantar de Judy Chicago — The Dinner Party —, o gêmeo do William e o porco espinho de 4000 anos de idade, e um dos vasos mais lindos que já vi :) de Ott and Brewer, 1885
4) No começo dessa semana, meu querido amigo Luiz Mattos recomendou um podcast. Exagerado, seu post no Stories dizia: “o melhor podcast de música do Brasil”. Por adorar conversar sobre música com ele e dançar muito nas suas pistas quando tenho a sorte de ouvi-lo discotecar, fui correndo conferir a dica.
Ele falava do podcast — derivado de um livro homônimo — de Daniel Setti: “Do Vinil ao Streaming: 60 anos em 60 discos”. Comecei fora de ordem, com Velvet Underground — e delirei! —, não consegui mais parar. Fui ouvindo todos, tipo binge-listening, mesmo — Portishead, Björk, Amy Winehouse, Aretha Franklin, Beatles, David Bowie, Curtis Mayfield, Arcade Fire, Strokes, OutKast, Alabama Shakes, Prince, Madonna, Lana del Rey… é um melhor que o outro!
Além de ser uma enciclopédia ambulante, Setti compartilha com paixão trechos de faixas, histórias de bastidor e informações deliciosas, que mesmo eu — que me considero uma viciada em música — desconhecia sobre músicos que admiro muito e há muito tempo. Recomendo vivamente e me dobro ao exagero do Luiz — é o melhor podcast de música do país :)
Corram lá escutar e, mais importante, cliquem aqui para doar qualquer quantia e ajudar o programa — que é impecável — a continuar existindo. Como “patrona”, recebi ontem em primeira mão os nomes dos discos que ele vai examinar na próxima temporada. Aguardando ansiosa!
5) Frases boas que li essa semana:
"Adoro um dia chuvoso. Porque, sabe? Dias ensolarados geram muita expectativa" — Oprah Winfrey
“(…) a noção de estética como momento de adequação da forma ao conteúdo, em que a forma se revela como a roupa necessária de uma intuição” — TJ Clark
“A arte é a novidade que permanece sendo novidade” — Ezra Pound
“Tudo está para sempre prestes a ser revelado” — Miranda July
“Sinta-se em casa, mas lembre-se que não está” — do meu amigo Pedro França
“A arte é sempre a substituição da indiferença pela atenção” — Mary Overlie
6) A Celina Cantidiano, amiga querida e autora da newsletter Carpe Diem, outro dia falou sobre essa série do NYTimes que convida os leitores a treinarem sua capacidade de atenção prolongada. O desafio consta em admirar por 10 minutos uma obra de arte sem interrupção. Achei fantástico o exercício e lembrei desse fato — 30 segundos é o tempo médio que um espectador passa diante de uma pintura num museu! Questão de prática… Vem cá.
Quando vier a NYC, vale visitar a tapeçaria do unicórnio ao vivo e a cores. Fica nos Cloisters, satélite do Met Museum.
7) Esse gráfico! Conhecimento > Experiência > Criatividade > Sabedoria.
PS: escrevi o texto para a exposição de Mariana Mattos e Rafael Vogt Maia Rosa na galeria Izabel Pinheiro. Caso tenham curiodade de ler, segue aqui.
8) Na arquitetura de Nova York, o que realmente chama atenção é o topo do prédio. Muito comum estar na calçada em frente ao Empire State Building e não notar, já que é a “antena” que a gente realmente reconhece. Por isso, Rosario Candela, um dos arquitetos mais importantes da história da cidade, focava totalmente no shape das coberturas dos prédios que projetava — as plantas, supercomplexas, nunca eram iguais a nenhuma outra no mesmo prédio. A Rizzoli lança dia 15/10 um livro sobre ele.
9) Vocês viram o desfile da Bottega Veneta? E o brinde que eles deram para os convidados? E a campanha? Amei tudo.
10) Estreiou essa semana o filme His Three Daughters, com trilha de Rodrigo Amarante. Ouviram? Começou o outono, segunda é meu aniversário, novos ventos… Playlist inspirada nesse clima :)
Eu sinto que as pessoas do hemisfério norte valorizam mais as estações do ano, que são mais marcada. No Brasil, pelo menos em São Paulo, parece que vivemos todas as estações o tempo todo. Não sabemos exatamente em que estação estamos, nem os pontos cardeais etc. Parece que estações mais marcadas nos fazem de algum modo estarmos mais conectados com a natureza, em vista das cidades cada vez mais urbanas e absurdamente grandes. Sinto falta dos rituais de pasagem entre estações e suas coerências cronológicas. Por exemplo, aqui estamos cultuando o Helloween(risos).
Parabéns antecipado. Que o novo ciclo seja repleto de Luz.