Met Gala 2025: o estilo na identidade negra
Noite beneficente orquestrada por Anna Wintour movimenta o Metropolitan Museum nesta segunda-feira
Da minha coluna no Pipeline do Valor Econômico, aqui.
Christian de Wales Bonner
Todo ano, em Nova York, a primeira segunda-feira do mês de maio já tem dono: a festa beneficente do Costume Institute do Metropolitan Museum. O Met Gala, como é chamado, reúne celebridades — e marcas — que se inspiram num traje temático para desfilarem no icônico tapete vermelho da escadaria do museu. Desta vez, o dresscode é “Tailored for You” – “sob medida para você”, com foco em alfaiataria e moda masculina, em homenagem à exposição que acompaha o evento, "Superfine: Tailoring Black Style” – “Superfino: Personalizando o Estilo Negro”, em tradução livre.
Quem assina a curadoria da lista de convidados estrelados da noite é Anna Wintour, editora global de conteúdo da Condé Nast, diretora da Vogue América e chefe da cadeira do Costume Institute do Met, o instituto de indumentária. Nesta edição, ela conta com co-anfitriões como Lewis Hamilton, Colman Domingo, A$AP Rocky, Pharrell Williams e LeBron James.
Em 2024, o evento arrecadou a cifra recorde de US$ 26 milhões – cerca de R$ 150 milhões. Mais do que uma noite em prol do instituto, o Met Gala se tornou um negócio – um evento pop que mostra o poder da moda como um pilar fundamental da cultura global. Em tempo real, as redes sociais possibilitam a distribuição das imagens dos famosos e das marcas que os vestem nessa festa.
Muhammad Ali por Thomas Hoepker, 1966 / Uniforme de um jóquei, autor desconhecido, 1830 / Wales Bonner, 2020
"Superfine: Tailoring Black Style" fará uma investigação histórica e cultural do estilo negro ao longo dos últimos 300 anos através do conceito de “dandismo”. Geralmente associado a homens europeus do séculos 18 e 19 que se vestiam com requinte e afetação, o dandismo surge para os negros nos anos 1700s com o tráfico de escravos e se torna uma tendência entre os servos. Os criados da época acabam encontrando através do estilo uma maneira de se expressar, de subverter ideias e de sugerir respeitabilidade.
A mostra tem curadoria do diretor do departamento de indumentária, Andrew Bolton, e de Monica L. Miller – autora do livro “Slaves to Fashion”, de 2009, que inspirou a exposição e professora de “Africana Studies” no Barnard College. Dividida em 12 temas, entre eles Propriedade, Disfarce, Liberdade, Cool e Cosmopolitismo, “Superfine” foca no conceito de dandismo negro na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, desde o século 18 até hoje.
Há também referências à história dos dândis africanos e uma mistura de peças históricas com o trabalho de designers como Grace Wales Bonner, Virgil Abloh, Olivier Rousteing e Lisi Herrebrugh e Rushemy Botter, da Botter, além de pinturas, vídeos e arquivos. No Met Gala — e nessa exposição — fica ainda mais claro o poder da moda como oportunidade para tratarmos de assuntos como identidade, classe, política, história e cultura.
Fotos via NYTimes
Serviço:
“Superfine: Tailoring Black Style”
De 10 de maio a 26 de outubro
Metropolitan Museum
www.metmuseum.org