Casa Caracol, México — dá pra se hospedar lá, sabia? É um Airbnb.
1) Minha nova rede social favorita é o GoodReads. Por influência da minha amiga Raphaela Melsohn, aderi. Lá, você posta os últimos livros que leu, está lendo ou quer ler. E ainda pode ver tudo que seus amigos estão aprontando na biblioteca deles. É possível avaliar cada publicação, ler ou escrever críticas. Um ótimo app para tirar a gente do telefone. Vem seguir!
Morgan Library, em Nova York
PS: está divina a exposição de Paula Modersohn-Becker na Neue Galerie. Em cartaz em NYC até 9 de setembro.
2) Estou gostando do podcast Tantos Tempos, sobre envelhecimento e maturidade. Num dos espisódios, Ignacio de Loyola contou uma história maravilhosa. Assim que chegou na Bienal do Livro de Fortaleza, a Secretária da Cultura perguntou: você veio para falar no Centro de Convenções, mas que tal se apresentar num bairro periférico ou numa cidade do interior?
Loyola acabou numa cidade de 20.000 habitantes. O público, que vivia de mel, milho e algodão, nunca tinha visto um escritor na vida. Depois de contar suas histórias e falar sobre sua infância para um centro comunitário lotado, abriu para perguntas da plateia:
Quando vou plantar milho, passo na cooperativa e pego as sementinhas. Onde é que o senhor pega as palavrinhas?
E uma outra ouvinte — mas como é que o senhor prega as palavrinhas no livro?
No fim, quem deu aula de poesia foram elas, né?
Varais em Nápoles
3) Você escuta livros em áudio? O mercado não pára de crescer, ultrapassou o dos livros eletrônicos e movimenta US$ 2 bilhões/ano nos EUA. Segundo o site da NPR, “as pessoas estão lendo com os ouvidos cada vez mais”.
Adoro audiobooks, mas opto por escutar os de não-ficção. Acaba virando um podcast com anabolizantes ;) e tenho mais facilidade de me concentrar. Melhor ainda quando o narrador é o próprio autor. Se me distraio, volto um pouquinho — sem culpa.
Depois vão lá fuçar o site da editora Supersônica.
4) Poema de Liana Ferraz (via Daniela Feder):
Eros
ão
Já que a queda é inevitavel,
que seja livre.
Bill Viola
5) Amor > consciência > universo > mistério. Para The Marginalian, uma coisa leva à outra:
Porque a capacidade de amar pode ser a conquista culminante da consciência e a consciência, a conquista culminante do universo — porque o mistério do universo sempre excederá o alcance da consciência forjada por esse mistério. O amor, no sentido mais amplo, é uma questão de entrega ativa. Entrega ao mistério.
Édouard Manet
6) Não trabalho em ambiente coorporativo, mas adorei o método de Jeff Bezos para reuniões. Segundo o fundador da Amazon, não há apresentações de Power Point em sua empresa. Preparam um texto de cerca de 6 páginas, com estrutura narrativa. Cada pessoa na reunião recebe sua cópia e todos juntos, em silêncio, lêem o documento por meia hora antes de discutirem qualquer assunto.
“O clima é de sala de estudos”, conta. Isso foi criado para evitar que, como crianças numa escola, os executivos blefassem dizendo que leram o memorando mesmo sem ter lido. Com essa “técnica”, ficam todos — literalmente — na mesma página.
7) Lina Bo Bardi pensando arquitetura:
A beleza em si, por si mesma, não existe. Existe por um período histórico, depois muda o gosto, vira uma porcaria. Quando é uma coisa imprescindivelmente ligada a coletividade, é bonita porque serve e continua a viver.
A liberdade do artista foi sempre “individual”, mas a verdadeira liberdade só pode ser coletiva. Uma liberdade ciente da realidade social, que derrube as fronteiras da estética, campo de concentração da civilização ocidental.
Para mim, arquitetura é estrutura. Quer dizer, a estrutura de um edifício é elevada ao nível da poesia, como parte da estética.
Teatro Oficina — projeto dela e de Edson Elito.
8) Muito boa a reflexão da Ale Garattoni sobre imprefeição. Quando faço minhas cerâmicas, sempre penso: tem de ter a marca da mão, caso contrário, é mais prático usar um vaso industrializado, baratinho, que vende na IKEA. Wabi-sabi é vida. Íntegra aqui.
Eu vibro com a imperfeição. Cada vez mais. A imperfeição que não tem nada a ver com desleixo profissional ou com o amadorismo pejorativo. Falo daquela que, sim, nos aproxima do interlocutor, que dá um quê de essência humana a uma marca ou pessoa-transformada-em-marca, que traz a tão buscada – e cada vez mais distante, calculada e falsa – humanização de negócio. E, a julgar pelo sucesso do modelo de vídeos do Tiktok e do consumo de conteúdo das novas gerações, o tipo de comunicação que vai crescer cada vez mais.
Uma foto mal iluminada. Até, quem diria, aquele texto com um erro bobo de digitação. Não somos inteligência artificial e tem algo em nós que ela jamais substituirá, a imperfeição. "Ah, mas este não é o lado ruim?" Depende! É a volta de um quê de amadorismo que aproxima, que humaniza (de verdade, não aquela humanização de receita de bolo), que cria conexão. Conexão, a real, palavra da vez para quem tem um negócio.
via @lailacooks
9) Saiu disco novo de Moreno Veloso. Adorei a seleção das canções cover deliciosas que têm relação com temperos e comidas, como o título sugere: Sons e Sabores. Não conhecia Cocada, de Rita Benneditto — que coisa boa! Co-co-cocada!
PS: eu morro com João Gomes! Ele nesse dueto com Lulu Santos tem todo meu coração.
10) Em homenagem a esse disco, fiz uma playlist comestível:
Ahhh, e eis que to aqui me atualizando com as últimas edições da minha atual news favorita e... tem eu! Obrigada pela citação, Gi!
Ojo que a Rosa Montero costuma narrar os próprios livros, inclusive o último El peligro de estar cuerda (já sei que também gostas dela)! Salvei o Airbnb e vou ouvir o novo álbum do Moreno Veloso enquanto preparo o almoço ❤️