Hottest Takes #64
1) O México era meu país favorito. A combinação da estética, das cores, dos sabores, do povo, da paisagem… Mas agora que fui pra Índia, houve um empate técnico. Nova Delhi me lembrou muito a Cidade do México (que também me lembra São Paulo). Alguns trechos da cidade são super arborizados, os mercados são cheios de vida, e o artesanato é das coisas mais lindas produzidas pela humanidade que já vi (que exagero, eu sei!, mas é exatamente o que senti). O bairro mais charmoso é chamado de Lutyens Delhi, batizado em homenagem ao arquiteto inglês Sir Edwin Lutyens (1869–1944), que foi responsável por grande parte do projeto arquitetônico e das construções durante o período do Raj Britânico, quando a Índia fazia parte do Império Britânico nas décadas de 1920, 30 e 40:
2) Por falar em Índia, pensei muito no Beto Guedes quando estava lá. Aquela música Amor de Índio tem a primeira frase mais linda do planeta: “tudo que move é sagrado”. Além das vaquinhas, claro, acho que essa reflexão pode ser um bom lembrete para nós mesmos antes de saírmos de casa :)
3) Um dia conversando com meu irmão, ele disse que sonha se aposentar. Já eu… acho que, se me aposentasse, continuaria fazendo tudo que faço — pesquisar, estudar, ver, curtir (e até vender) arte. No momento, meu passatempo tem sido um livro sobre… pintura holandesa. O autor americano — e virginiano — Benjamin Moser ficou conhecido por suas biografias da Clarice Lispector e Susan Sontag. Esse último livro The Upside-Down World: Meetings with the Dutch Masters fala dos meus queridos Rembrandt, Vermeer e outros pintores geniais. fica a dica!
4) Faço uma aula de yoga toda segunda-feira de manhã. Não sei se é por ser o primeiro dia de semana, mas tudo que a professora fala reverbera por dias em minha cabeça. Essa semana, ela leu um texto do Paul Weinfield:
Deixe ir, desapegue-se (de algo) / Let go (of something)
Ajaan Mun disse que há um ponto no caminho espiritual em que as Quatro Nobres Verdades do Buda se tornam todas uma verdade: Apenas deixe ir. Desapegue. Apenas. Deixar. Ir. Em outras palavras: não tente se apegar a nada em sua experiência, mental ou física, e você conhecerá a verdadeira felicidade.
Se você sair por aí dizendo: “Ei, deixe ir, desapega”, você vai, na melhor das hipóteses, irritar as pessoas e, na pior, desencorajá-las. As pessoas já sabem que deveriam se desapegar de muita coisa: rancores, medos, distrações. Eles simplesmente não conseguem. Então Buda sugere que você comece da forma mais simples.
Reconheça a sua luta nesse momento. Não julgue ou critique o lugar onde sua vida está travando. Apenas admita: “Está difícil para mim”. Simplesmente por estar junto do seu sofrimento, você já está deixando muita coisa para trás: a história, a culpa, a não aceitação.
O que mais você pode deixar de lado? De novo, impossível deixar tudo pra trás — mas será que você consegue se livrar de alguma tensão em seu corpo? Algum lugar onde você está contraindo ou forçando sua respiração? Alguma percepção inútil, como aquelas baseadas no ódio de si mesmo? Procure e você descobrirá que sempre há alguma parte do emaranhado que você pode soltar um pouquinho.
(…) Então lembre-se: só um pouquinho mais de paz. Só um pouco mais de compaixão. Você pode sentir seu coração amolecer imediatamente, certo? Tente. Se não funcionar, reembolsarei todo o seu sofrimento.
5) Num dos talks que o Pedro Kupfer deu durante nossa viagem à Índia, ele falou exatamente desse conceito. Uparama — ou Uparati. Uparati é uma palavra em sânscrito que significa “interrupção da ação”. Refere-se à capacidade de desapego — abster-se, desistir. Conceito associado também ao Pratyahara, que é descrito como “desapego (withdrawal) dos sentidos”. Nesse segundo, enquanto lê, do que você consegue se desapegar?
6) Estou pensando num dos presentes de aniversário que quero dar para meu marido (taurino, ufa), que ama cozinhar. Achei divina — e cool — essa chaleira japonesa da Aoyoshi. Para ferver a água do café toda manhã. Não é linda?
7) Sou fã das minhas amigas. E faço questão de dar a maior força para o trabalho e talento delas. É o máximo ser dona de um negócio próprio, ainda mais morando fora do nosso país de origem. Por isso, os holofotes de hoje apontam para as joias e acessórios da minha querida Raponesa. Estou louca por esse aqui. Olha que beleza, que delicadeza cada uma das peças que ela cria:
8) Gordon Parks (1912-2006) se arriscou em todas as frentes. Era fotógrafo (trabalhou pra revista Life, pra Vogue e para o governo americano), cineasta, músico, compositor, poeta e autor. Está em cartaz na galeria Jack Shainman a exposição Born Black de suas fotos que se tornam, cada vez mais, históricas. Ele foi amigo próximo de Malcolm X e registrou em primeira mão a luta dos direitos civis dos negros americanos.
9) Já ouviram falar do conceito de ikegai?
Ikigai é um termo japonês que combina duas palavras: “iki” que significa viver e “gai” que significa razão — algo como “uma razão para viver”, um propósito. Trata-se de um conceito que incentiva as pessoas a descobrirem o que realmente importa para elas e a viverem uma vida cheia de sentido e alegria.
Minha mãe me falou sobre essa palavra japonesa quando discutíamos o filme Perfect Days, do Wim Wenders.
PS nada a ver: e esse cara fazendo música? Genial. Acho que é o ikigai dele, né?
10) Fiz essa playlist especialmente para a NAZA. Mulheres fortes, músicas fortes. Vem escutar :) (Nosso talk foi tudo. Obrigada,
)