1) Agora tenho uma coluna mensal no Valor Econômico! Meu texto de estreia foi uma versão um pouco mais aprofundada de um post que fiz aqui. Fiquei feliz de ver a newsletter dando frutos :)
E outra: ontem começou a SP-Arte. Venham visitar meu estande, E21.
1 e 1/2) Vija Celmins é uma das artistas que mais amo. E, para nossa alegria, ela está com exposição em cartaz na galeria Matthew Marks. Tive a sorte de conhecê-la quando meu marido fez um documentário sobre ela — recomendo, por sinal <3. Seus desenhos e pinturas hiperrealistas são exemplos maravilhosos de tudo que IA não é. Trabalhos que tratam de observação, memória, repetição, sensibilidade, escuta e arrebatamento. Em muitas das imagens criadas por ela, nem horizonte temos — é imersão total nesses espaços, céu e mar —, que podem remeter ao inconsciente. Olha esse exemplo:
Untitled [Waves], 1970
2) Why We Remember? — ao invés de sofrer com as coisas que esquecemos, o autor desse livro, Charan Ranganath, acredita que devemos investigar o por que nos lembramos das coisas. Em entrevista com NPR, ele disse:
Há muitos estereótipos sobre nossa memória quando ficamos mais velhos. “Está na ponta da língua” é um fenômeno — às vezes você confunde Fred com Frank. E ao dizer Frank, seu cérebro já não consegue acessar o Fred. Partial retrieval — ou recuperação parcial, em tradução livre — é lembrar de parte da informação, mas não do todo, “só sei que o nome começa com F!”
Sei que a informação está no meu cérebro — é como procurar algo pequeno numa pilha de “lixo”. Esquecer coisas assim não significa que você está com problemas de memória. Você não quer lembrar mais, você quer lembrar “melhor”. Não fomos projetados para lembrar de “lixo temporário”. Por isso que ninguém lembra de senhas provisórias.
Dana Schutz
3) Fiquei enlouquecida com a cozinha da Casa degli Atellani. Estou reformando uma casa e adorei esses armários coloridos, essa mesinha e armário vintage, a geladeira lilás — junto do décor com cara de “trouxe de viagem”. Puro charme. E na sala e no quarto, adorei o jeito de pendurar as pinturas, a mistura de texturas, cores…
via T magazine
4) Poema de Paulo Leminski, em Distraídos Venceremos:
VOLTA EM ABERTO
Ambígua volta
em torno da ambígua ida,
quantas ambiguidades se pode cometer na vida?
Quem parte leva um jeito de quem traz a alma torta.
Quem bate mais na porta? Quem parte ou quem torna?
Chris Ofili, Afro Apparition, 2002-3
5) E outro poema divino-maravilhoso:
Quando Estou Entre as Árvores
Mary Oliver
Quando estou entre as árvores,
especialmente os salgueiros,
igualmente as faias, os carvalhos e os pinheiros,
eles exalam muitos sinais de alegria.
Quase diria que eles me salvam, e diariamente.
Estou tão distante da esperança de mim mesmo,
em que tenho bondade e discernimento,
e nunca me apresso pelo mundo
mas ando devagar e faço reverências com frequência.
Ao meu redor as árvores se agitam em suas folhas
e gritam: “Fique aqui um pouco”.
A luz flui de seus galhos.
E elas chamam novamente: “É simples”, elas dizem,
“e você também veio
ao mundo para fazer isso, para ir com calma, para ser preenchido
com luz e brilhar.”
No original:
When I am Among the Trees
Mary Oliver
When I am among the trees,
especially the willows and the honey locust,
equally the beech, the oaks and the pines,
they give off such hints of gladness.
I would almost say that they save me, and daily.
I am so distant from the hope of myself,
in which I have goodness, and discernment,
and never hurry through the world
but walk slowly, and bow often.
Around me the trees stir in their leaves
and call out, “Stay awhile.”
The light flows from their branches.
And they call again, “It's simple,” they say,
“and you too have come
into the world to do this, to go easy, to be filled
with light, and to shine.”
Two Men Contemplating the Moon, Caspar David Friedrich, ca. 1825–30
6) Outro dia vi uma postagem sobre o poder do hábito… as pequenas coisas que fazemos todos os dias acabam dando forma à nossa vida. Economizar R$ 8 por dia significar poupar R$ 3.000 por ano. Ler 20 páginas por dia é o mesmo que devorar 30 livros por ano. Andar 10.000 passos por dia equivale a percorrer a mesma distância de 70 maratonas. E aí, que hábito você gostaria de começar, ou mudar?
Danica Phelps
7) Assim como a torcida do Corinthians, sou muito fã de Bob Marley — desde os meus 10 anos de idade coleciono os discos dele (quem lembra do CD quádruplo!?), já fui pra Jamaica e delirei... Achei o filme One Love ok, mas só de ouvir as músicas fiquei feliz. A parte sobre a gravação do disco Exodus é fantástica! O destaque fica por conta da hora em que a banda é apresentada ao guitarrista Junior Marvin, que tocava também com Stevie Wonder.
E a novidade para os Bob-lovers como eu é que neste verão do hemisfério Norte, a Adidas lança um novo sneaker dedicado ao rei do reggae. A gente vai querer com certeza!
8) Por falar em verão, todo ano um artista é convidado para ocupar a cobertura do Metropolitan Museum — Iris and B. Gerald Cantor Roof Garden — com uma instalação. Já foi anunciada a desse ano: Jennie C. Jones. Curiosa para ver o que ela vai aprontar!
9) Poeminha de Michael Faudet para iluminar o dia:
Gratidão
Não tome nada como garantido. Até mesmo uma pedra pode em algum momento se render ao mar, e o amor pode escorrer como areia por entre nossos dedos.
Em inglês:
Gratitude
Take nothing for granted. Even a rock will eventually surrender the sea, and love can slip away like sand through fingers.
10) A playlist de hoje tem clima de primavera, apesar de que a maioria dos leitores deve estar em clima de outono :)
Um presente receber essa news e esse poema maravilhoso de Mary Oliver
Esta foi a segunda carta que li e gostei das duas. Vc me atualiza. Obrigada