Gertrude Abercrombie, Shell, 1954
1) Pipilotti fever! Sou fissurada pelo trabalho da artista suíça Pipilotti Rist. Está em cartaz já há um tempo na Hauser & Wirth do Chelsea uma exposição dela, que me trouxe memórias deliciosas da mostra Pixel Forest, que ela apresentou em 2016 no New Museum. Sempre lúdicas, interativas e surreais.
Numa entrevista ao Louisiana Museum, ela diz:
Mesmo o vídeo da mais alta resolução ainda é uma versão muita crua da realidade que vemos na vida real. E é sempre chapado — informação organizada numa tela. Uma réplica tosca do que a nossa visão incrível é capaz de captar!
Hoje colocamos toda nossa sabedoria, sentimentos e histórias atrás de telas chapadas. Quero liberar essa “wonderlight” — libertar a imagem, essa “luz maravilhosa”, de trás da tela e colocar na ‘sala’.
Voltando ao nosso corpo, não faço separação entre corpo e natureza. Somos uma estrutura caótica — não tanto como um Porsche, mas mais como uma planta sem raiz. É tudo o que temos. Somos uma câmera, um gravador… todas as tecnologias que uso para executar meu trabalho já estão dadas na estrutura do nosso corpo.
2) Saiu a lista dos artistas participantes da Bienal de Veneza 2024 — coisa boa ver tantos brasileiros (muitos já falecidos)! Como imaginávamos, a curadoria de Adriano Pedrosa reflete muito os últimos anos do trabalho dele como diretor artístico do MASP.
Com foco em artistas queer e indígenas, há muitos já conhecidos nossos como Maria Martins, Tarsila do Amaral, Anita Mafatti, Lina Bo Bardi, Anna Maria Maiolino, Judith Lauand, Ione Saldanha, Tomie Ohtake, Maria Bonomi, Claudia Andujar, Candido Portinari, Alfredo Volpi, Rubem Valentim, Lorenzato, Cícero Dias, Ismael Nery, Dalton Paula e Beatriz Milhazes, com um projeto especial no pavilhão de artes aplicadas. Outros queridinhos meus que estão na seleção: Etel Adnan, Salman Toor, Louis Fratino, Eduardo Terrazas e Lauren Halsey, só para citar alguns.
Parte da mostra dedicada à diáspora italiana será exibida nos icônicos cavaletes de Lina Bo Bardi, como os do MASP — foto abaixo.
3) Elmo, personagem do Sesame Street, perguntou a seus seguidores no Instagram como eles estavam se sentindo. Os comentários? Muita gente não anda se sentindo muito bem. Achei muito fofas as respostas que ele deu a alguns leitores e confesso que — como disseram nos comentários — li todas as mensagens dele imaginando a voz do personagem. Esse vídeo abaixo, dele com a Feist, tem quase um bilhão de views (!) no YouTube — acho que com meus filhos sou responsável por ter assistido pelo menos umas 1000 vezes.
4) Comecei uma greve de esmalte. Eu, que sempre pintei as unhas de vermelho, resolvi deixá-las au naturel e estou adorando. Sei que ninguém perguntou, mas estou começando a ver beleza nessa simplicidade.
5) Segundo a sabedoria Tolteca, há alguns poucos passos que podem transformar nossas vidas numa experiência de mais liberdade, amor e alegria. Os “quatro compromissos” são:
seja impecável com suas palavras
não leve nada para o pessoal
não faça suposições
sempre entregue seu melhor
6) Que belezura esse colar de conchas (e pedras preciosas!) da Marisa Klass! Sério, achei fantástico:
7) Adorei o último episódio do podcast da Camila Fremder, É Nóia Minha?, com minha amiga cômica e esperta Luciana Paes e o Dudu Guimarães. O tema? Escolha suas batalhas. Ótimas reflexões e uma analogia sugerida pela Lu sobre questionar nossas escolhas:
É como num jogo de futebol. Tem o jogador titular, mas se o reserva começa a ir muito pro jogo, você faz um balanço no final tipo: “será que quero me separar?”. E tem um dia do mês, meio Luigi Pirandello, você olha pro lado e pensa:
Quem é essa pessoa?, Quem escolheu estar com essa pessoa?, O que que eu estou fazendo aqui?, Que nariz é esse? Quem comprou esse poodle? Quem são esses moleques?”
Um certo grau de estranhamento da própria vida, eu acho saudável.
Cindy Sherman em exposição na Hauser & Wirth. Amo, amo <3
PS: e eu que enturmei com o Jerry Saltz? Nos encontramos no MoMA e, juntos, falamos sobre como não somos os maiores fãs de Rafik Anadol. Hahaha. Ele também tem todo uma técnica especial para tirar selfies — um dos segredos, segundo o crítico, é olhar para a câmera e não para a foto, na hora de clicar a selfie ;) Aponte para a pessoa que está ao seu lado e… voilà!
8) Que coisa comovente ouvir Alexandre Borges recitando esse poema de Vinicius de Moraes em homenagem a sua mãe, que faleceu em 2021. Haja coração!
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
9) Esse trecho d’Os Sertões, de Euclídes da Cunha, também é divino-maravilhoso. Carlos Henrique de Almeida Santos lê nesse vídeo aqui.
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. (…)
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (...)
É o homem permanentemente fatigado.
10) Foi só durante o show da Madonna, que assisti ao vivo essa semana no Madison Square Garden, que percebi o quanto fui influenciada por ela. Sua música, força, ousadia, seu estilo e ativismo. Nos anos 80 e 90, eu era uma Swiftie dela!
Madonna foi uma pioneira em tantas frentes, que o NYTimes escreveu um artigo sobre os 60 momentos em que ela “mudou a cultura”— inclusive ao ajudar a popularizar o yoga. Foi muito cool vê-la, aos 65 anos, pulando e dançando por 2:30h sem parar, depois de ter cancelado shows ano passado por conta de problemas sérios de saúde. Ela cantou “I Will Survive”, estilo voz e violão junto com a plateia — de arrepiar!
Tentei reunir minhas músicas favoritas na playlist de hoje. No momento, La Isla Bonita é minha mais querida :)
Amo Os Quatro Compromissos. Um livro extremamente simples e que, na hora certa, dá uns chacoalhões tão valiosos!
🧡🧡 adorei!