Bolo de aniversário de Jeff Koons, que completou 69 anos essa semana
1) Qual a origem da palavra "ler", segundo o escritor moçambicano Mia Couto?
A palavra “ler” vem do latim legere e quer dizer “escolher”. Era isso que faziam os antigos romanos quando, por exemplo, selecionavam grãos de cereais. A raiz etimológica está bem patente no nosso termo “eleger”. Ora o drama é que hoje estamos deixando de escolher. Estamos deixando de ler no sentido da raiz da palavra. Cada vez mais somos escolhidos, cada vez mais somos objeto de apelos que nos convertem em números, em estatísticas de mercado. A armadilha do idioma é já um primeiro tropeço no caminho para chegarmos aos outros e a nós mesmos.
Lucas Samaras, Book 4, 1962
2) Completamente passada com o teste que o NYTimes fez para saber se reconhecemos rostos criados por Inteligência Artificial. Apesar de ter acertado a maioria, me assustei com alguns resultados. Vamos lá. Sua vez.
Respostas abaixo do item 3.
3) Minha amiga Sara Woster, artista que represento via Gisela Projects, acabou de abrir uma escola de pintura aqui em NY! Gente, o espaço é o máximo — super iluminado. Além de aulas de pintura, ela fará noites de desenho com modelo vivo, book club das artes e até Artsy Trivia Night! Sara me convidou para coordenar a primeira noite e eu, obviamente, aceitei e já estou mega animada pensando nas perguntas. Para mais infos, clique aqui e para seguir a escola, Instagram aqui.
The Painting School
Respostas do teste das fotos do item 2: da esquerda para a direita, de cima pra baixo — 1 real, 2 IA, 3 IA, 4 IA, 5 real, 6 real, 7 IA, 8 IA, 9 real
4) Ratinhos de laboratório adoraram descobrir o mundo das selfies! A cada vez que tiravam um autorretrato, ganhavam um pouco de açúcar e a máquina os registrava. As fotos eram mostradas a eles imediatamente. Depois de um tempo, já viciadinhos, nem sempre tinham a garantia do açúcar — e, ainda assim, não quiseram mais parar com as fotos...
Para Lignier, o paralelo é óbvio. “As empresas de mídia digital e social usam o mesmo conceito para manter a atenção do espectador pelo maior tempo possível”. Na verdade, as redes sociais têm sido descritas como “uma caixa de Skinner para o ser humano moderno”, distribuindo recompensas periódicas e imprevisíveis – um like, um follow, um potencial date – que nos mantêm colados aos nossos telefones. Ou talvez a capacidade de nos manter ocupados apertando botões seja a própria recompensa.
Num estudo de 2014, cientistas concluíram que muitos voluntários humanos “preferiam administrar choques eléctricos a si próprios em vez de serem deixados sozinhos com seus pensamentos”. Talvez prefiramos sentar e pressionar quaisquer alavancas que estejam à nossa frente - mesmo aquelas que possam nos fazer sentir mal - do que ficar sentados em contemplação silenciosa. Especialmente quando há selfies de ratos para nos maravilharmos - "Achei fofas e divertidas", disse Lignier - e um fluxo interminável de fotos no Instagram para percorrermos ou, até mesmo, de vez em quando, curtir.
5) Por falar em vícios do Instagram, vocês seguem o Jorge Grimberg? O Três Minutos de Moda dele é sempre uma aula. Como mãe de adolescentes, fiquei muito intrigada com esse último post, “crise como estilo de vida”. Para esta geração, segundo ele, o assunto trauma “é tão comum como festivais de música. Guerras sequenciais pelo mundo, pandemia, crise econômica — os assuntos cotidianos podem até fazer o vício em redes sociais parecer inevitável sendo a internet aparentemente o lugar mais seguro de refúgio para uma geração que passou dois anos em casa com uma proibição social que deixou sequelas emocionais em todos nós”:
6) E o figura @gabb, vocês já seguem? Melhores comentários e críticas sobre cafonices, moda, decoração, etc. Amo quando ele fala “Menáááinas!”
Não consegui achar o vídeo que eu queria no Instagram dele, então vai a compilação do @paulomendesdoarrocha:
7) Saiu outro dia uma lista dos 100 livros mais influentes para David Bowie.
8) Fui direto comprar o primeiro, já que se tratava de um livro de arte — as entrevistas do crítico inglês David Sylvester com o pintor Francis Bacon. E estou adorando:
Francis Bacon: “Você sabe que no meu caso toda pintura - e quanto mais velho fico, mais isso acontece - é acidente. Então eu prevejo isso em minha mente, eu prevejo isso, e ainda assim quase nunca acontece como imaginado. A pintura se transforma pela própria tinta. Uso pincéis muito grandes e, na maneira como trabalho, na verdade não sei o que a tinta fará, e ela faz muitas coisas que são muito melhores do que eu poderia fazer. Isso é um acidente? Talvez se possa dizer que não é um acidente, porque se torna parte do processo escolher que parte deste acidente vou querer preservar. Tenta-se, claro, manter a vitalidade do acidente e, ainda assim, preservar a continuidade”.
Francis Bacon, Self-Portrait, 1971
9) Outro dia num jantar entre amigos ouvi duas pérolas sobre trânsito:
Quando alguém usa trânsito como desculpa para atraso, você responde: “Vamos combinar que não está trânsito, é trânsito”
E essa? “Você não está no trânsito: você é o trânsito!”
10) Está chegando o mês dos namorados (no hemisfério Norte). A playlist de hoje é toda de músicas que aprendi a ouvir com meu marido. Amo o gosto musical dele:
Descobri 2 IAs ... preciso me aprimorar rs
Amei a playlist
O tópico 1 me lembrou da Ann Morgan quando ela decidiu ler livros de todos os países porque se deu conta que era uma "xenófoba literária". Faz todo o sentido!