1) Neste domingo embarco para Miami, onde faço minha primeira feira (inter)nacional com Gisela Projects. Participo da NADA, que acontece no Ice Palace Studios, entre dias 30/11-3/12. Pedi aos artistas para contarem um pouco sobre o que vão mostrar no nosso stand (P23). E aqui um preview para os curiosos.
Bianca Kann: Cooper [Lovano] e eu mostraremos trabalhos recentes e peças colaborativas. Tenho explorado uma abordagem sustentável para fazer esculturas usando plástico reciclado como meu material principal. Mudei para Londres para fazer um mestrado e tenho colecionado as tampas plásticas dos copos de café dos meus colegas. Com esses e outros resíduos coletados pela cidade, trituramos tudo e fundimos em formas fluidas para criar esta nova série de esculturas. Como elas são feitas de um material reaproveitado, estão imbuídas da energia de uma funcionalidade do passado.
Cooper Lovano: Minhas esculturas questionam como ficam o otimismo e a positividade diante da destruição e do caos. Em algumas obras, parece que as forças destrutivas estão vencendo. Essas peças se baseiam em vastas referências visuais, incluindo algumas muito digitais — emojis como ❤️🔥, 👌 e 👍, bem como fontes específicas como Roboto Sans do Google, uma das mais usadas na web —, e símbolos bíblicos como um coração sangrando e emanando raios de luz.
2) Acabei de bingewatch a última temporada de The Crown (quem mais?) e estou aguardando ansiosa pelos próximos episódios da nova leva de White Lotus (ainda é cedo pra dizer, mas acho que gostei mais da primeira season, e vocês?). Em The Crown, adorei o capítulo sobre o pai de Dodi Al Fayed e o sobre as trocas epistolares da Margareth <3 Fiquei comovida com as visitas da princesa ao hospital — “sem fotógrafos e sem imprensa?”, desacredita o médico.
(Tirei essa foto enquanto assistia, achei lindo o look e, a atriz muito parecida com a Diana nessa cena)
3) Conhecem o arquiteto franco-colombiano Rogelio Salmona? Mestre dos tijolos.
Foto via Tmag
4) O artista Alteronce Gumby perguntou ao pintor Stanley Whitney se ele trabalha ouvindo música. A resposta:
Música é uma grande parte da minha vida. Não sei você, mas na comunidade negra de onde vim, a música sempre esteve presente — o rádio estava sempre ligado, festas dançantes, música, música, música. Acho que foi assim que as pessoas superaram a escravidão — com música. É uma espécie de tábua de salvação. Então, no meu ateliê sempre tem música tocando (…). Para mim, pintar é sobre cor, mas também sobre acertar o ritmo, conseguir a combinação certa. A pintura, para mim, é como a música — chamada e resposta. Uma cor chama outra cor. A ideia é que todas as cores sejam iguais e que uma cor não atrapalhe a outra, e que você tenha boas transições, para que você possa se mover pela pintura com bastante facilidade.
(Amo tanto essa pintura, que parte dela é minha foto de perfil no Whatsapp :)
5) Vocês conhecem esse calmante natural, a respiração das narinas alternadas, ou nadi shodona? Aqui tem um vídeo bom para aprender esse pranayama. Faço sempre antes de reuniões importantes ou quando vou me apresentar em público.
6) Minha amiga querida, a psicanalista Helena Cunha di Ciero, acaba de lançar um livro. Sempre curti ler tudo que ela escreve, com aquela sensibilidade de quem escuta bem e sabe do poder mágico de cada palavra. Com frequência, ela me pede referências de artes para ilustrar seus artigos acadêmicos e eu adoro ajudar! Sobre a publicação, Helena diz:
Talvez o livro seja uma foto do meu coração, das pessoas que passaram por mim e do que me trouxeram. É uma homenagem a elas. O livro se divide em duas partes: achados de gaveta (textos já publicados sobre amor, morte, maternidade, amizade) sempre com um tempero psicanálitico, mas com uma linguagem acessível. A segunda parte, chamo de “temporada do adeus”: pequenos textos que contam sobre o percurso do luto do meu pai, escritos no hospital, e a compreensão da vida após uma perda significativa.
Para comprar, clique aqui.
Georgia O’Keeffe, Sky Above Clouds IV, 1965
7) Vocês sabiam que o túmulo do Andy Warhol é filmado e transmitido 24 horas por dia pela John Chrysotom Byzantine Catholic Church, aqui? Já na lápide de Marcel Duchamp, uma reflexão que é a cara dele: “são sempre os outros que morrem”.
8) Adorei ler o que disse o galerista Jeffrey Deitch no livro de Marta Gnyp, The Shift:
A arte contemporânea sempre começa muito barata. Todos esses artistas aqui [no museu] começaram vendendo a US$ 1.000, US$ 5.000, a preços bem acessíveis. Portanto, se você é esperto e está à frente da curva, sempre há arte importante que você pode comprar, que não é cara. Artistas como Jackson Pollock, por exemplo, estão em uma categoria diferente — são quase como troféus adquiridos por governos, o que faz com que para colecionadores comuns e museus, ele não esteja mais acessível. Mas esses preços altos atraem as pessoas para o mundo da arte, criam excitação. As pessoas ouvem que este trabalho é super valorizado e aí precisam descobrir elas mesmas o que tem de tão interessante no mundo das artes, que faz com que as pessoas estejam dispostas a valorizá-lo tanto assim. Então, acho que essas histórias sobre preços altos atraíram muitas pessoas para o mundo das artes.
9) Erasmo Carlos e Pablo Milanés, dois gênios da música, se foram no mesmo dia no começo dessa semana. Convidei meu irmão Fernando para escrever uma nota sobre o Tremendão:
Um roqueiro durão de alma doce que sempre expôs sua sensibilidade e cabeça aberta. Gigante Gentil, como era chamado, fez da música brasileira um espaço onde se mistura atitude e coração.
Escute É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo (1971), do álbum experimental Carlos, Erasmo — um divisor de águas na carreira de um dos maiores nomes da Jovem Guarda, que vale ser apreciado de cabo a rabo. Ouça também Mesmo que Seja Eu (1982), feroz balada oitentista que não deixa nenhuma pista parada. E confira Celebridade (2009), do disco Rock’n’Roll, para não esquecer que Erasmo se manteve sempre aberto ao novo.
10) E, claro, mais uma playlist para aquecer nossos corações:
Edição e fonte do item 8, Lucas Alberto
Incrível como sempre, Gisa musa! 🤘🤘🤘
Que demais o Gisela Projects, sucesso! E, sim, concordo sobre White Lotus: não sei se é um quê de reversão de expectativa, mas embora eu siga na expectativa a cada novo capítulo ainda acho que não tem comparação com a perfeição da 1ª temporada.