Cindy Sherman. Untitled #224. 1990
1) Sobre a foto acima, diz-se que talvez seja o único autorretrato que Cindy Sherman tenha feito em sua carreira. Isso porque seus retratos são sempre de personas — nunca ela mesma, de fato, revelada na imagem.
A escolha de Bacchus como sua selfie seria uma “piscadela” a Caravaggio. O pintor teria embutido discretamente seu próprio rosto no rosto do deus do vinho e, por isso, muitos consideram essa pintura um autorretrato dele.
Para mim, a melhor parte da história da arte são essas homenagens feitas aos artistas que vieram antes — uma forma de honrá-los. Lembro de ouvir Richard Serra dizer numa entrevista, “a história da arte é uma engrenagem. Ao decidir ser artista, você tem de saber que será comparado a todos aqueles que vieram antes e aos que estão produzindo ao mesmo tempo que você”.
Quem conhece a história, reconhecerá as “piscadelas”.
The Young Sick Bacchus / Self-Portrait as Bacchus, Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1593 - 1594
The adolescent Bacchus, Caravaggio 1595 - 1597
2) A artista Laura Owens sobre Paul Cézanne:
Definitivamente, ele presta atenção ao que cada marca (pincelada) está fazendo numa pintura. Ele é o deus do prestar-atenção.
No original:
Definitely [he is] paying attention to what each mark is doing. He is the god of paying-attention-ness.
3) Outro dia um amigo querido me deu a dica desse podcast sobre o luto. Para quem já perdeu alguém próximo, escutar sobre o tema quase sempre ajuda a acalmar o coração. Recomendo:
4) Sexta-feira embarco para Miami para participar da Untitled com Gisela Projects. Será nossa primeira vez nessa feira e vamos apresentar trabalhos inéditos de Fernanda Feher, que continua sua exploração do papel da mulher na história através de suas pinturas e desenhos figurativos, permeados de elementos autobiográficos.
A artista investiga a construção social de gênero e as consequências das formas como as mulheres são retratadas, definidas e julgadas. Ela cria cenários aparentemente ingênuos, semelhantes aos dos contos de fadas, que revelam os aspectos mais conflitantes de ser mulher.
Nosso preview, em primeira mão, aqui.
Para ler o press release, clique aqui.
5) Guga Chacra deu a dica desse artigo incrível sobre a “nova” arquitetura carioca que se integra com o entorno. Um dos exemplos é a Casa na Árvore de Juliana Ayako. Segundo a matéria:
Nos últimos anos, projetos como a Casa na Árvore – formalmente simples, modesta em escala, transparente na construção e reticente na sua relação com o terreno – proliferaram dentro e ao redor do Rio e do seu interior, uma mudança surpreendente para uma cidade ainda mais conhecida por suas experiências monumentais no Modernismo.
6) Se você, como eu, não viu Taylor Swift ao vivo, mas tem curiosidade sobre nosso zeitgeist e os efeitos contagiantes da cantora, anota aí: no dia do aniversário dela, 13/12, o filme sobre o The Eras Tour vai estar disponível nos Netflixs da vida (é torcer para o Brasil ser incluído na lista). Em seu Insta, ela disse:
Oi! Basicamente meu aniversário está chegando e estava pensando que uma maneira divertida de comemorar o ano que passamos juntos seria disponibilizar o The Eras Tour Concert Film para você assistir em casa! Estou muito feliz em poder informar que a versão estendida do filme, incluindo “Wildest Dreams”, “The Archer” e “Long Live”, estará disponível para aluguel on demand nos EUA, Canadá e outros países a serem anunciados em breve. em… você adivinhou, 13 de dezembro 🫶💋
7) Que que deu o seu wrap-up anual do Spotify? Me conta?
O meu foi bem parecido com todos os anos… Escuto música quase constantemente e somei mais de 120 mil minutos — junto com 0.5% dos ouvintes mais assíduos da plataforma de streaming. E, pelo jeito, é genético — meu irmão me ultrapassou com 164 mil.
Os meus artistas mais ouvidos foram Chet Baker, Djavan, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Rita Lee. A música mais tocada foi Nesse Mar Nessa Ilha, do Moraes Moreira. Amo!
8) No NYTimes, Lindsay Zoladz escreveu:
Caros ouvintes,
Aos 77 anos e com quase 50 (!) lançamentos solo de estúdio em seu nome, Dolly Parton acaba de finalizar o álbum de maior sucesso de sua carreira, o gigantesco LP duplo “Rockstar”, que estreou na Billboard 200 desta semana em terceiro lugar. (Malditos sejam aqueles jovens Drake e Taylor Swift por atrapalharem o primeiro número 1 de Parton!)
“Rockstar” não é tanto um álbum, mas sim um referendo sobre o quão incrivelmente querida Parton é neste momento. Ela parece ter elaborado um longo pergaminho de colaboradores dos sonhos e — qualquer coisa por Dolly! — cada um deles atendeu o telefone: Paul McCartney, Ringo Starr, Joan Jett, Miley Cyrus, Lizzo, Elton John… e a lista segue. E “Rockstar” continua, por incansáveis 30 faixas, com duração de 2 horas e 22 minutos. Quando finalmente terminei de ouvi-la, esperava que alguém me entregasse um daqueles cobertores de alumínio que você ganha depois de correr uma maratona.
Já escutaram? É hit atrás de hit!
9) Também no repeat aqui no meu headphone está Arrepiada, novo disco de Julia Mestre — que faz parte da banda Bala Desejo ao lado de Zé Ibarra, Dora Morelembaum e Lucas Nunes. Bom demais! Minhas favoritas são: Chuva de Caju, Clama Floresta e Menino Bonito. “Do do u” é doce também, com um refrãozinho grudento.
10) Passei tão mal com Caetano Veloso tocando Transa em SP (se ama Transa, veja esse vídeo), que fui aos dois shows. Acho que se tivessem 3 apresentações, eu iria às 3. Na segunda vez, fiquei na primeira fila, colada no palco — fez muita diferença poder ver os músicos de pertinho…
Como cheguei bem cedo para garantir esse lugar na pista, a playlist de hoje foi toda Shazamada no pré-show. O DJ era o Kim Cotrim. Semana que vem faço a parte 2, já que não coube tudo e ele só tocou pérolas :)
o meu só deu Harry Styles, BTS e Caetano... ; )