Dana Schutz na David Zwirner — das melhores exposições que vi nos últimos tempos!
1) Tem filme novo de Sofia Coppola em cartaz! O longa Priscilla conta a história de Priscilla Presley e seu casamento com Elvis. Quando se conheceram, ele tinha 24 anos e ela, 14 anos.
“Acho que ela fez o dever de casa”, disse Priscilla em entrevista a Piers Morgan na TalkTV. “Ela e eu conversamos sobre o assunto, e sobre morar com Elvis Presley. As pessoas pensam: 'Oh, que maravilhoso, que ótimo, é o Elvis Presley', mas passei por altos e baixos”.
2) Carolyn Bessette-Kennedy, esposa de John F. Kennedy Jr morta num acidente aéreo em 1999 aos 33 anos, voltou a ser assunto. Bessette-Kennedy virou tema de um livro Carolyn Bessette Kennedy: A Life in Fashion, escrito Sunita K. Nair. A diretora de moda homenageia a beleza e o legado atemporal do estilo e da personalidade de Carolyn, que trabalhava como publicist da Calvin Klein e serve, até hoje, de musa inspiradora para muita gente.
Segundo a NYMag:
Para seu thriller Gone Girl, David Fincher aconselhou sua protagonista Rosamund Pike a estudar Carolyn para seu personagem principal. A equipe da atriz Robin Wright em House of Cards sempre olhou para a moda discreta de Carolyn para inspirar seu papel e, tendo como pano de fundo a Casa Branca, havia paralelos óbvios entre realidade e fantasia. Os looks exclusivos de Carolyn foram novamente traduzidos literalmente por designers contemporâneos como Toteme, Khaite, The Row e Celine.
Na série Anatomy of a Scandal, a personagem de Sienna Miller, Sophie, está desesperada para parecer forte enquanto seu mundo aparentemente perfeito se desintegra — seu guarda-roupa é o contraponto perfeito para seu desespero interno. Quaisquer que sejam as interpretações feitas de Carolyn – diretas ou indiretas no filme – fica claro que seu mistério, seu coolness e sua armadura, eram uma tela em branco para que esses artistas pintassem seus papéis.
3) Minha amiga e colega de escola, a psicoterapeuta Daniela Feder, lançou um livro recentemente e eu acabei de devorá-lo em uma sentada só! Pequeno Manual para a Metade da Vida trata da famosa crise da meia idade e usa referências brilhantes para embasar sua pesquisa — desde mitologia grega e Jung, até experimentos científicos caseiros feitos por ela e seus filhos com borboletas, na Alemanha, onde vive. Já havia recomendado o Instagram dela aqui — sempre poético e filosófico —, mas dessa vez venho indicar vivamente seu livro. Achei maravilhoso e já até dei de presente para alguns amigos que sei que vão aproveitar também :)
Essa frase de Benjamin Disraeli me lembrou um pouco esse tema:
“A maioria das pessoas morre com sua música ainda trancada dentro de si”
4) Uma das minhas pintoras favoritas da vida (ela é escultora também) está com exposição em cartaz aqui em NY. Fui ver os trabalhos recentes de Dana Schutz na galeria David Zwirner e quase enlouqueci! As pinturas dela parecem perfeitas para representar nosso zeitgeist — são densas, confusas, intensas e assustadoras.
”As mais ambiciosas da artista em escala e complexidade até hoje, as pinturas e esculturas visceralmente evocativas retratam cenas alegóricas em que personagens muitas vezes grotescos negociam sua subjetividade. As situações tragicômicas de Schutz são povoadas por personagens preocupados com a autopreservação enquanto se inclinam para o esquecimento. Com feições semelhantes a máscaras – todas mandíbulas e narizes – elas emergem, em grupos e pares, da atmosfera pictórica. Os temas representados são volumétricos e maleáveis, como nuvens flutuantes. Suas formas orgânicas encontram eco na escultura gestual também presente nesta exposição.”
5) E num podcast sobre a Ruth Asawa, gostei muito dessa afirmação da Sarah Sze sobre a artista:
“Arte é uma ferramenta para vermos o mundo — uma ferramenta para viver.”
Mais um detalhe da “ferramenta” de Dana Schutz :)
6) Que emoção poder acompanhar de perto a maratona de NYC! :) Já é quase uma tradição — sempre que estou por aqui, vou ao bairro de Fort Greene para ver os corredores que largaram em Staten Island algumas horas antes. Não tem como não se comover — gente de todas as idades, raças, gêneros; atletas, deficientes, e — dessa vez — até uma corredora com Síndrome de Down. Uma das primeiras em sua condição a concluir a prova. Nessa área em que assito a prova, tem até banda com música ao vivo! Um agito só.
Meu irmão, que é maratonista, prefere ver o final da prova, no Harlem, quando os corredores já estão quase se arrastando… Já meu amigo Guga Chacra prefere focar nos retardatários. Fato é: não importa em que ponto da prova você resolve assistir — as lágrimas são garantidas!
Foto via @secret_nyc
7) Também visitei essa semana a nova exposição de Judy Chicago no New Museum. A mostra HERSTORY ocupa o prédio quase todo do museu e o grande destaque é a “exposição dentro da exposição” que ela criou em um dos andares. Nesse piso, ela imagina como seria um mundo controlado pelas mulheres. Nas paredes, uma seleção de obras importantes de outras artistas, muitas formas orgânicas e arredondadas, num espaço arrematado por um carpete florido roxo que reveste o chão em contraste com as paredes amareladas. Se pudesse, abraçaria essa exposição. Deu um calorzinho na alma!
8) E essa reflexão de Donna J. Haraway?
“Todas as leituras são também leituras mal interpretadas, releituras, leituras parciais, leituras impostas e leituras imaginadas de um texto que nunca está simplesmente lá. Assim como o mundo está desmoronado, o texto já está sempre enredado em práticas e esperanças conflitantes.”
No original:
“All readings are also mis-readings, re-readings, partial readings, imposed readings, and imagined readings of a text that is originally and finally never simply there. Just as the world is originally fallen apart, the text is always already enmeshed in contending practices and hopes.”
9) Adoro ficar de olho no street style das pessoas aqui no meu bairro. Outro dia, vi esse moça estilosa comprando café e gamei no tênis fluorescente dela. E tem outras cores — um mais cool que o outro. Aqui.
10) Playlist em clima de outono [do hemisfério Norte], temporada de deixar o que não presta ir embora, como as folhas da árvores que começam a cair… Como disse Albert Camus: "O outono é uma segunda primavera quando cada folha é uma flor.”
ERRATA: Carolyn Bessette-Kennedy era esposa e não filha do John F Kennedy Jr. Desculpem -- eu arrumei, mas para quem abre pelo email, fica o texto original.
Delícia de nius 💝