Andrea Mantegna (c.1431-1506), The Agony in the Garden, c.1455-56, tempera on panel, 62.9 x 80 cm., previous frame; National Gallery, London
1) Demorei, mas voltei. Ufa! Estava no avião no horário que costumo escrever e publicar essa newsletter… Adorei ter passado 10 dias em Londres (já viu o preview da nossa exposição?) e confesso: passo o tempo todo comparando as cidades que visito. Nesse caso, pensei muito em São Paulo e Nova York. Londres, de cara, chama a atenção pelo silêncio e pela limpeza. A capital inglesa me parece bem mais formal do que SP ou NY — tanto no jeito de as pessoas se vestirem e se comportarem, quanto nos serviços — tentei, sem sucesso, ir à manicure sem agendar antes hehe. O que mais amei mesmo — ao revisitar a terra do rei — foram os museus. Já vou falar deles. Peraí.
A charmosa esquina do Two Wells, onde aconteceu nossa exposição Gisela Projects em Notting Hill.
2) Esta legenda abaixo, que li no Instagram do Leandro Karnal, me fez lembrar de uma das ideias que mais adoro, ainda pensando em cidades. Ele escreveu assim:
Já estive em todos os estados brasileiros a trabalho ou passeio. Após falar das cidades do mundo para o imperador mongol, Marco Polo não cita seu local de origem. O governante pergunta: “mas por que não falou de Veneza?” O viajante, segundo Italo Calvino, diz que falou dela o tempo todo ao descrever as outras. Algum dia sairemos de nós?
Isso me fez pensar em James Joyce e sua obra prima Ulysses. O autor irlandês diz que quanto mais ele tocasse no coração de Dublin, mais ele tocaria no coração de todas as outras cidades. Segundo ele:
No particular está contido o universal.
3) Quem me acompanha por aqui ou pelo Instagram já deve saber que sou “rata de museu”. E passei muito mal em Londres! O escritor francês Stendhal, quando visitou Florença, relata ter ficado “doente de beleza.” A essa tontura, coração acelerado e sensação de confusão, foi dado o nome Síndrome de Stendhal. Segundo a Wikipedia, “hiperculturemia ou síndrome de Firenze (Florença) é uma doença psicossomática que causa aceleração do ritmo cardíaco, vertigens, desmaio, confusão e mesmo alucinações, quando um indivíduo é exposto a obras de arte de elevado valor.” Arrisco dizer que a National Gallery de Londres foi um dos museus mais incríveis que já visitei na vida. Saí tão impactada, que voltei no dia seguinte para tentar absorver a experiência com mais calma. Para quem ama pintura, acho que é um paraíso na terra. Alguns dos meus highlights aqui.
E o Cézanne mais perfeito que já vi.
4) Naquele retiro de yoga que fiz, tinha um wind phone. Na hora que vi, pensei no meu pai :) A ideia é uma cabine telefônica para conversar com quem já não está mais aqui. De novo, segundo Wiki:
O telefone do vento (風の電話, kaze no denwa) é uma cabine telefônica desconectada em Ōtsuchi, Japão, onde os visitantes podem manter conversas unilaterais com entes queridos falecidos. Inicialmente criada pelo paisagista Itaru Sasaki em 2010 para ajudá-lo a lidar com a morte de seu primo, a cabine foi aberta ao público no ano seguinte, depois que o terremoto e tsunami de Tōhoku em 2011 mataram mais de 15 mil pessoas na região de Tōhoku. Desde então, o telefone do vento recebeu mais de 30 mil visitantes. Várias réplicas foram construídas em todo o mundo e serviram de inspiração para vários romances e filmes.
5) Via Fernando Luna (fluna no Insta), mais um poema perfeito de Mary Oliver:
Instruções para
viver uma vida:
Presta atenção.
Espanta-te.
Fala disso
E essa frase do Rainer Maria Rilke:
Talvez criar não seja mais do que se lembrar profundamente
Detalhe de uma pintura do Vermeer que vi lá no museu perfeito.
6) Adoro a ideia de que escutar desorganiza. Esse vídeo explica a ideia.
Outra pintura divina da National Gallery. Essa é do Degas <3
7) Assisti a uma palestra memorável, que agora está disponível online. Oba! Recomendo vivamente. Michael Bierut é um designers mais importantes do nosso tempo, sócio da Pentagram, responsável por criar alguns dos logos mais marcantes da história. Pode pular os primeiros 20 minutos de intro:
8) Gente! Por falar em design… essa papelaria dos sonhos, também em Londres, foi recomendada pela minha amiga Erin. Pequena e muito bem editada, a Present & Correct reúne as réguas, lapiseiras, cadernos e cacarecos mais lindos do planeta. Quase enlouqueci :) Vale paquerar online.
9) Agora que voltei pra casa, preciso correr atrás das exposições todas que abriram em NY e ainda não vi. Tem Manet e Degas juntos no Metropolitan Museum, Henry Taylor e Ruth Asawa no Whitney Museum, sem contar Judy Chicago que acaba de abrir no New Museum. Deixa eu correr lá! Depois conto aqui :)
Judy Chicago :)
10) A playlist da vez é um mix de Shazams que dei nos cafés londrinos, músicas que escutei andando por lá e outras que a DJ tocou ontem na abertura do show da Lauryn Hill. Vem ouvir!
Expo não tinha como
Não ser sucesso nesse prédio nesse lugar com esse céu! 🍀💕🫶