Maya Angelou (1928-2014)
1) Influenciada pela Ale Garatonni, da newsletter Amo News, vou começar a fazer algumas edições dessa newsletter apenas para assinantes do plano pago. Trabalhamos juntas nos primórdios da internet! Num de seus posts recentes, Ale pergunta:
“Você vê valor no que oferece? Você assinaria sua newsletter? Pagaria por ela? Não tenha receio de valorizar o seu trabalho, você caminhou muito para produzir este material”. E cita Chris Best, CEO do Substack: “Trocar o modelo de anúncios pelo modelo de assinaturas é uma das forças do Substack”.
Assino algumas newsletters pagas e faço isso com o maior prazer. Fora que é o preço de um cafezinho, né?
A newsletter da Carol Ruhman de ontem também me inspirou. Ela responde ao jornalista Julian Fuks, que declarou recentemente a morte da crônica. Para Carol — e toda a turma aqui do Substack — a crônica nunca esteve tão viva!
James Baldwin (1924-1987)
2) Passei mal com a exposição Van Gogh's Cypresses, do Metropolitan Museum — a primeira dedicada aos ciprestes que ele retratou. Vou tentar dar mais um pulo lá antes de fechar, no dia 27/8 ;)
Com mais de 40 trabalhos, desde as pinturas mais famosas (alô, Starry Night!) aos desenhos e ilustrações menos conhecidos, a apresentação foca nessa árvore que ressalta o poder de expressão do artista. As curvas, a textura, aquele quase-dançar... As pinturas de ciprestes marcam os últimos três anos de vida do holandês e, apesar de a exposição não dar ênfase a isso, o site Hyperallergic fez uma matéria sobre “o lado macabro do cipreste”. Na época em que foram pintados, eles simbolizavam morte. Esse, da foto abaixo, ele concluiu três meses antes de tirar a própria vida.
Vincent van Gogh (1853–1890)
Antes do paywall, queria deixar aqui um verso da artista multimídia Cafira Zoe:
“Cerca não prende rio”.
Então, vem!
3) Vocês sabem o que é sankalpa? Em sânscrito significa intenção — uma resolução, uma semente de mudança daquelas que a gente costuma “plantar” no Réveillon. Às vezes, antes da prática de yoga, um instrutor pode sugerir: escolham seu sankalpa. Um exemplo seria: “Tenho saúde e abundância”. Confesso que sempre que preciso pensar em um, travo. Acho difícil escolher uma coisa só. Mas… outro dia no show da Marisa Monte, ela cantou uma música que me inspirou:
Sou feliz, alegre e forte
Tenho amor e sorte
Aonde quer que eu vá
Fica a dica! Podemos escolher um sankalpa todos os dias antes de sair da cama ;)
4) Nunca fui de brincar de Barbie (e confesso que já não aguento mais esse assunto!), mas as poucas que tive acabaram de cabelo curto e maquiadas com canetinha como a Weird Barbie. Por isso, achei o máximo essa edição especial que a Mattel criou por tempo limitado. Dica da minha amiga Gabi.
PS: Ninguém perguntou, mas adorei Oppenheimer.
5) Às vezes sinto que tem um assunto querendo me encontrar. Ele dá todo jeito do mundo de vir até mim. E cabe à minha sensibilidade e “antena” encontrá-lo, então, várias vezes por dia, nas situações mais aleatórias. Dia desses, li os dois trechos abaixo e comecei a pensar: será que é o tema que está me perseguindo ou vice-versa? Vocês também têm dessas?
O que aparece tão claramente como um fim é melhor entendido como um começo cujo significado mais íntimo ainda não podemos compreender. Nosso presente é enfaticamente, e não apenas logicamente, o suspense entre um já-não-é e um ainda-não-virou.
Hannah Arendt, em Men in Dark Times
Acredito profundamente que ao falar sobre o passado, ao compreender as coisas que nos aconteceram, podemos nos curar e seguir em frente. Algumas pessoas acreditam que é melhor deixar o passado para trás, nunca falar sobre os eventos que nos machucaram, e essa é a maneira de lidar com isso — mas lidar assim, não é curar. Ao confrontar o passado sem constrangimento, estamos livres de seu domínio sobre nós.
Bell Hooks, em Teaching Community: A Pedagogy of Hope
Cerâmica de Luca Vanvliet — as coisas vêm e vão…
6) Gente, depois de fazer uma newsletter quase inteira dedicada ao meu amor pela série The Bear, terminei a segunda temporada que é ainda melhor. Um dos trechos que mais curti foi do primo Richie dando uma lição de moral. Ele diz:
“Você sabe o que Vasudeva ensinou a Sidarta?
– Escute melhor”
Gostei tanto desse conselho simples, que fui pesquisar sua origem. Caí aqui:
Sidarta escutou. Ele agora não passava de um ouvinte, completamente concentrado em ouvir, completamente vazio, ele sentia que havia acabado de aprender a ouvir. Muitas vezes antes, ele tinha ouvido tudo isso, essas muitas vozes no rio, que hoje soava novo.
Já não conseguia mais distinguir as muitas vozes, nem as alegres das que choram, nem as das crianças das dos homens, todas pertenciam umas às outras, (…) tudo era um, tudo estava entrelaçado e conectado, emaranhado mil vezes. E tudo junto, todas as vozes, todos os objetivos, todos os sofrimentos, todos os prazeres, tudo o que era bom e mau, tudo isso junto era o mundo.
Tudo junto era o fluxo dos acontecimentos, era a música da vida. E quando Sidarta ouvia atentamente este rio, este canto de mil vozes, quando não ouvia o sofrimento nem o riso, quando não ligava sua alma a nenhuma voz em particular, mas quando ouvia todos elas, percebendo o todo, a unidade, então a grande canção das mil vozes consistia em uma única palavra, que era Om: a perfeição.
Hermann Hesse, Siddhartha
Que tal?
7) Também li essa frase da Françoise Gilot e, de novo, comecei a achar que tinha outro assunto me perseguindo (demonstrado pelas frases seguintes):
Toda vida tem movimento, ritmo, um impulso [momentum] que você deve sustentar no ar como um dançarino, e se você permitir que esse movimento flua através de você, então você “se torna um” com o ritmo da vida.
Nelson Rodrigues:
A maioria das pessoas imagina que o mais importante no diálogo é a palavra. Engano: o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
E do livro Breaking Through: Communicating to Open Minds, Move Hearts, and Change the World:
Uma pausa não é um ponto final. É uma vírgula. Uma respiração. Um momento cheio de oportunidades para tomar a próxima decisão certa.
Paloma Picasso e sua mãe, Françoise Gilot
8) Pouca gente costuma visitar o museu Cooper Hewitt quando vem a NYC. Mas estive lá ontem e adorei a mostra sobre a designer têxtil Dorothy Liebes. Apesar da importância dela, confesso que nunca tinha ouvido falar. Seus tecidos trouxeram cor, textura e glamour para ambientes como o Persian Room do Plaza Hotel e a sala de jantar das ONU. Fica até 4 de fevereiro.
9) Logo mais tem ArtRio! Quem vai? Quem vem? De 13 a 17 de setembro estarei lá com estande Gisela Projects, no setor Vista. Vamos apresentar trabalhos recentes de Bianca Kann, Fernanda Feher, Goia Mujalli, Mariana Mauricio e Melissa Dadourian. Tem mais detalhes aqui. Se algum leitor quiser ir, deixe seu comentário aqui — o primeiro a escrever ganha um VIP :)
Para quem está querendo uma desculpa para visitar o Rio, essa época é um sonho! Nos vemos lá?
10) Estou adorando essa nova leva de discos inéditos de músicos que já morreram. Depois daquela pérola do João Gilberto ao vivo no SESC, agora lançaram Nina Simone no Festival de Jazz de Newport. Puro deleite!
A playlist dessa semana está cheia de músicas daquelas que dão vontade de dançar sozinho na sala :)
Aeee! Demais, seu trabalho é maravilhoso e seu radar sempre foi o melhor (primeira pessoa que - ali por 2006 ou 2007? - me falou "tem esse site novo que a gente coloca e assiste vídeos"... aka YT!).
Ameeei o plano pago! Já assinei. E obrigada pela indicação, querida!! 🥰