Jeremy Allen White, ator da série The Bear: minha nova obsessão :)
1) Demorei, mas finalmente assisti The Bear (Hulu). Logo de cara, me apaixonei. Pela série e pelo ator que faz o papel principal do chef Carmen, Jeremy Allen White. O seriado conta a história desse cozinheiro premiadíssimo que tem de voltar a Chicago, onde nasceu, para tentar salvar a lanchonete caótica de seu irmão que faleceu. Os episódios são curtos, o elenco tem ótima química e a trilha sonora é maravilhosa.
2) Fiquei fascinada pela história e fui vasculhar. O criador da série, Christopher Storer, é irmão da chef Courtney Storer — ela participa nos bastidores de todos os episódios auxiliando na cozinha. Em entrevista ao site Vulture ela disse:
Falhar é o que leva você ao lugar onde você poderá ter sucesso. No mundo da comida não é diferente. Você não começa como um chef incrível logo de cara. Você tem de trabalhar muito, tem de ser ruim e tem de aguentar por um tempo.
Na minha jornada pessoal, aprendi a cozinhar por causa de todas as coisas erradas que fiz ao longo dos anos.
Ayo Edebiri e Ebon Moss-Bachrach nos papéis de Sydney Adamu, sous-chef, e Richard 'Richie' Jerimovich, primo do protagonista
3) Adorei ouvir podcasts com o Jeremy Allen White, onde ele conta que fez um curso de culinária e até trabalhou num restaurante com estrela Michelin — o Pasjolie de Los Angeles — ao se preparar para a série. Foi nesse curso que conheceu sua coadjuvante Ayo Edebiri, que faz o papel da sous-chef Sydney Adamu. Também adorei saber que Jeremy cresceu em Carroll Gardens, bairro onde moro.
4) Meu marido está fazendo um documentário sobre o artista Martin Puryear. Puryear é um dos escultores mais importantes do nosso tempo — já tendo representado os EUA na Bienal de Veneza, em 2019, e na de São Paulo, em 1989. Seu projeto para o museu a céu aberto Storm King será inaugurado em setembro e exposto junto a esculturas de Maya Lin, Isamu Noguchi, Richard Serra e Sarah Sze. A estrutura de 6 metros de altura é composta por tijolos e marca o primeiro uso do material pelo artista — uma homenagem à fabricação deste produto na região do Hudson Valley, onde fica o museu.
Adorei essa passagem de uma entrevista que o irmão do artista, o designer de móveis Michael Puryear, deu:
“Há algo especial sobre a leitura”, diz ele rindo. “Aprendi sozinho a fotografar lendo. Aprendi a trabalhar madeira sozinho lendo. É a curiosidade que é a parte mais importante.”
Maquete do projeto que ele fará no museu a céu aberto Storm King
Começo da instalação acima e trabalho
Escultura em bronze, Aso Oke, 2019
5) Amo muito os poemas de Mary Oliver. Outro dia, numa livraria fofa aqui de DUMBO, não resisti e comprei o livro dela Devotions. Hoje abri uma página aleatória e caí nessa pérola tão atual, que traduzi — na maior cara de pau —, abaixo:
Eu me preocupei
Eu me preocupei muito. Será que o jardim vai crescer,
que os rios vão fluir na direção certa,
que a terra vai girar como foi ensinado
e, se não, como deverei corrigí-la?
Eu estava certa, estava errada,
serei perdoada, posso fazer melhor?
Serei um dia capaz de cantar,
até os pardais conseguem fazê-lo
e estou, bem, sem esperanças.
Minha visão está enfraquecendo
ou estou apenas imaginando,
vou ter reumatismo, bruxismo, demência?
Enfim, percebi que a preocupação não levou a nada.
E desisti. E peguei meu velho corpo e sai pela manhã,
e cantei.
Original:
I Worried
I worried a lot. Will the garden grow, will the rivers
flow in the right direction, will the earth turn
as it was taught, and if not how shall
I correct it?
Was I right, was I wrong, will I be forgiven,
can I do better?
Will I ever be able to sing, even the sparrows
can do it and I am, well,
hopeless.
Is my eyesight fading or am I just imagining it,
am I going to get rheumatism,
lockjaw, dementia?
Finally, I saw that worrying had come to nothing.
And gave it up. And took my old body
and went out into the morning,
and sang.
O poema me lembrou as worry dolls — bonequinhas da preocupação: inspiradas em uma lenda popular da Guatemala. A crença: você divide seus medos com elas antes de dormir e as coloca debaixo do travesseiro. Enquanto você dorme, elas ajudam a libertar suas preocupações
6) Esse trechinho de Meghan O’Rourke falando sobre o luto fez muito sentido pra mim:
As pessoas que mais amamos se tornam uma parte física de nós, arraigadas em nossas sinapses, nos caminhos onde as memórias são criadas.
7) Na época do colegial, aprendi com minha amiga Daniela Feder — dona de um dos Instagrams mais inspiradores — a comer torradas assim. Já experimentaram? Depois de torrá-la, você corta a fatia ao meio, em seu plano coronal (hahaha). Ela vira um sanduichinho de um pão só, fininho e irresistível. Gosto de comer com coalhada seca :)
8) Abre dia 4 de outubro — e vai até janeiro —, no Whitney Museum, a exposição de Henry Taylor (1958). A retrospectiva “B Side” celebra um artista respeitado por sua visão social e experimentação livre. O trabalho figurativo de Taylor — retratos de amigos e parentes dele, estranhos nas ruas de Los Angeles, atletas e artistas —, abrange vários mundos. Serão mais de 150 obras desde o final dos anos 1980 até o presente, incluindo retratos de Barack com Michelle Obama (abaixo) e Jay-Z.
9) O podcast da 451 resgata uma entrevista histórica, de 1976, de Clarice Lispector — com sua língua presa característica :) — em duas partes. Aqui.
E outra entrevista fantástica e comovente: de Matheus Nachtergaele no programa Provoca, de Marcelo Tas. Dica preciosa da minha amiga querida Sandra Jávera. Me desaguei de chorar no final, quando ele fala da morte dos pais. Assistam/escutem <3 O que é a vida? “Estar sob pressão para aprender”, ele diz. Um grande bailado à beira do abismo.”
10) A playlist dessa semana é um álbum! Xande Pilares cantando Caetano Veloso virou assunto dominante nas minhas redes essa semana e foi lançado em pleno aniversário de 81 anos de Caetano. Viram o vídeo dele emocionado? Haja coração!
Dica de série, músicas, exposições...adoro!! Especial ☀️☀️Obrigada, Gisela!
Adoro!!!!