Passarinhos safados! Espetos de metal “anti-pouso” de pássaro começaram a ser usados por aves na construção de seus ninhos. A matéria ‘They’re Outsmarting Us’: Birds Build Nests From Anti-Bird Spikes’ no NYT explora o assunto.
Jane Birkin e seu parceiro e colaborador Serge Gainsbourg
1) A inglesa de alma francesa Jane Birkin se foi, mas deixa um legado marcado por seus muitos talentos como cantora, atriz e musa inspiradora da moda. Ícone da elegância, batiza a bolsa da Hermés que foi feita especialmente para ela:
Birkin estava num vôo em 1984 quando sua sacola plástica estourou e seus pertences todos caíram no chão. Irritada, a mãe de primeira viagem reclamou alto: “a Hermés não faz bolsas onde caiba tudo que preciso carregar”. Por coincidência, quem estava sentado ao seu lado era Jean-Louis Dumas, chairman e estilista da marca na época. No mesmo ano, eles lançaram a bolsa no tamanho que ela havia pedido. Hoje, a Birkin bag custa US$ 10.000 e costuma ter fila de espera.
A Birkin da Birkin foi leiloada em 2021 por £ 119.000. A renda foi revertida para caridade. Chic e engajada!
Abaixo, Jane Birkin em sua cozinha no sexto arrondissement em Paris, em 2001, fotografada por Derek Hudson
2) Por falar em musa, nesse ano o mundo das artes celebra os 75 anos da artista Isa Genzken. Minha queridinha <3. A mostra ‘Isa Genzken 75/75' abriu semana passada no Staatliche Museen, em Berlim. A exposição conta com 75 esculturas que abrangem toda sua carreira, desde os anos 1970 até hoje. Se passar por lá, não deixe de visitar. FOMO total!
3) Ontem fui visitar o ateliê do artista Matheus Chiaratti, que amo e represento via Gisela Projects. Pintor, escultor, poeta e ser humano incrível, ele coleciona livros com dedicatórias. Por isso, visitar seu estúdio é também mergulhar no mundo fantástico da poesia e da literatura. Saí de lá encantada com Ana Cristina César e corri comprar uma cópia pra mim (a dele era vintage e bem mais sexy!). Se liga nesse poema:
houve um poema
houve um poema
que guiava a própria ambulância
e dizia: não lembro
de nenhum céu que me console,
nenhum,
e saía,
sirenes baixas,
recolhendo os restos das conversas,
das senhoras,
“para que nada se perca
ou se esqueça”,
proverbial,
mesmo se ferido,
houve um poema
ambulante,
cruz vermelha
sonâmbula
que escapou-se
e foi-se
inesquecível,
irremediável,
ralo abaixo.
4) Em meados dos anos 70, Brian Eno teve uma ideia. Depois de ficar horas preso num aeroporto na Alemanha por conta de um atraso, ele pensou: “e se o aeroporto tocasse músicas calmas? Será que essa experiência teria sido menos insuportável?”. Eno decidiu explorar esse conceito e foi aí que surgiu seu álbum “Music for Airports”, lançado em 1978. Nasceu então a “música ambiente”, ou aquela música de elevador, de sala de espera de dentista. O site Pitchfork fez um ranking dos melhores discos de música ambiente de todos os tempos e o “Music for Airports” ficou em primeiro lugar. Merecido, né?
5) Depois da última newsletter, a amiga e leitora Carmen Barros indicou o podcast Os Sertões, feito pelo Instituto Moreira Sales. Bom demais! Recomendo também. E chegou aqui minha edição do livro que começa com a seguinte nota do autor:
Não sei se já aí chegaram notícias da Reforma Orthographica... (Aí deixo, nestes maiúsculos e nestes hh, o meu espanto e a minha intransigência etimológica!) [...] Há ali coisas inviáveis: a exclusão do y, tão expressivo na sua forma de âncora a ligar-nos com a civilização antiga, e a eliminação completa do k, do hierático k (kapa como dizemos cabalisticamente na álgebra)... Como poderei eu, rude engenheiro, entender o quilômetro, sem o k, o empertigado k, com as suas duas pernas de infatigável caminhante, a dominar distâncias? Quilômetro, recorda-me kilometro singularmente esmagado ou reduzido; alguma coisa como um relíssimo decímetro, ou grosseira polegada. Mas decretou a enormidade; e terei, doravante, de submeter-me aos ditames dos mestres.
Euclides da Cunha, carta a Domício da Gama, Rio de Janeiro, 15/08/1907
6) Depois do podcast Os Sertões fui pesquisar a fotógrafa inglesa Maureen Bisilliat. Fiquei fascinada:
Em “A João Guimarães Rosa”, Bisilliat faz uma interpretação fotográfica da obra “Grande Sertão: Veredas”. No título, ela homenageou o escritor que havia morrido dois anos antes, em novembro de 1967, e tinha acompanhado parte do processo de formulação do livro.
Inspirada pela leitura do “Grande Sertão”, em 1963, Bisilliat entrou em contato com o autor, que a incentivou a fazer a viagem pelo sertão mineiro e até mesmo sugeriu os lugares para visitar pelo estado de Minas Gerais. Depois de cada viagem ela ia visitá-lo, levando suas fotografias e anotações, e assim eles conversavam sobre o sertão que inspirou o universo literário do autor.
7) Que jogo! Carlos Alcaraz desbancou Novak Djokovic (aka Novaxx JoCOVID) na final de Wimbledon. Foi a primeira vez que o sérvio não venceu o Aberto de Tênis desde 2017. Djokovic estava invicto há mais de 30 partidas! Numa entrevista ao El País, Carlitos disse algo que adorei:
Persegui meu sonho com muitíssimo trabalho. Os dias em que falta motivação, e bate aquela preguiça, mas em que a gente treina mesmo assim… esses dias valem por dois!
8) “Minimalismo sugere ordem, mas é a ‘bagunça’ que faz um lar”. Amei isso. A revista Atlantic fazendo apologia a cacarecos no décor. A autora Annie Midori diz:
A bagunça satisfaz uma necessidade emocional mais profunda. “Encher nossos espaços com símbolos dolorosos do passado pode parecer errado”, mas "quando reflito sobre os períodos mais memoráveis da minha vida, eles não são completamente desprovidos de tristeza. Quero que minha casa reflita essa nuance... Não só é impossível limpar nossos espaços de todos os sinais de luto, como, também, se cada quarto for limpo de todo sofrimento, ele também será limpo de sua profundidade.
Durante uma das últimas visitas de Atherton a seu pai, ele deu a ela uma cadeira alta de madeira antiga de sua casa de infância. "O pensamento de que meu pai, que parecia mais alto do que o normal, reclinado na cama, uma vez se sentou neste cadeirão. Levamos para casa para minha filha, que tinha acabado de começar a comer alimentos sólidos. Vários dias depois, meu pai se foi. O cadeirão ainda estava lá. A maioria dos meus parentes, incluindo meu pai, não levavam vidas particularmente importantes. Seus nomes não estão esculpidos em prédios ou vinculados a bolsas de estudo. Apenas um pequeno grupo de pessoas ainda pensa neles, e uma dessas pessoas sou eu. Mas seus pertences permanecem aqui e dizem: alguém esteve aqui. Enquanto passo meus dias dobrando roupa ou pensando no que to-do list, meus cacarecos me lembram das pessoas que preencheram minha vida e, agora, meu apartamento”.
9) Alarmy não é só mais um app irritante de alarme. Pior: o aplicativo dá a você tarefas para completar e só assim ele para de apitar. Xô, preguiça!
10) João Donato, representante do alto astral na MPB, partiu essa semana. A seleção de hoje é dedicada a ele, suas canções e composições. Curiosamente, na semana passada eu já havia incluído duas músicas de JD na playlist…
❤️Que bom q gostou do podcast sertões. Vai pirar no livro!
E os passarinhos ….. espetos anti aves!!! Que mundo é esse…