Feirinha na Bahia — meu irmão brinca que desde que fui morar fora, quando visito o Brasil pareço o Jacques Cousteau :) Esses momentos de frutas tropicais derretem meu coração
1) Ainda nesse clima férias/praia/areia, adorei a coleção de toalhas do artista Kehinde Wiley. Para comprar a sua, clique aqui.
2) Christina Quarles foi entrevistada pelo NYT essa semana. Gostei da reflexão dela sobre o momento em que uma pintura está pronta:
É sobre ter esse senso de composição que não está necessariamente resolvido (…). Para determinar o cozimento o que interessa é aquela transição entre ser alguém que faz o trabalho e ser alguém que olha para o trabalho. Quando sou capaz de mudar meu olhar e mente e me mover pela pintura sem tentar resolvê-la ou entendê-la ou adicionar ou subtrair nada, então penso, “OK, provavelmente está pronto.”
3) Belezinhas que a gente escuta no Instagram — Carlos Drummond de Andrade falando sobre o tempo e sua idade:
“São 78 anos de idade, você acha muito?”, perguntava, em 1981, uma jornalista do “Jornal Hoje” a Drummond. A resposta não se fez esperar: “Não, não é bem nem muito, a gente não tem a ideia de que o tempo passou. (…) Se eu olhar para trás foi extremamente rápido, uma coisa curiosa isso — não dá para a gente sentir a idade, não, dá para sentir que o negócio foi muito veloz, um processo demasiado rápido, como se eu tomasse um avião supersónico.”
4) Mia Couto também reflete sobre a velhice aqui:
E nesse poema:
O espelho
Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.
(Maputo, 2006)
5) Com a morte de Zé Celso, nosso deus do teatro brasileiro e fundador do fantástico Teatro Oficina, fico na torcida para que enfim se realize o Parque do Bixiga idealizado por ele para preservar a área em torno do teatro — terreno cujo dono é Silvio Santos — e evitar a construção de um shopping. Espero que essa causa continue sendo levada a sério por todos e que o parque seja batizado com o nome do ator.
Recomendo vivamente que escutem/assistam essa entrevista dele sobre Os Sertões, de Euclides da Cunha, que ele adaptou ao teatro e levou ao mundo. Seu próximo projeto seria/será uma peça inspirada no livro de Davi Kopenawa “A Queda do Céu”. Ele imaginou um elenco majoritariamente indígena. Evoé!
6) Empolgada com sua trajetória e legado, já agitei minha agenda paulista com alguns ingressos para assistir peças — tanto a que está em cartaz no Oficina, quanto a de Regina Braga, com seu espetáculo São Paulo. Curiosamente, a última entrevista de Zé Celso foi com Drauzio Varella, marido dela.
7) Além daquele evento de hoje — espero vocês la! —, na Estamparia da Marina Saleme, onde vou mostrar minhas cerâmicas, queria convidá-los para uma pop-up na semana que vem. “um mistério menor” foi organizada por Gisela Projects e tem curadoria de Lucas Alberto. Adorei esse trecho do texto dele, abaixo. Preview aqui.
Em 1989 a sonda espacial Voyager 2 fotografou Netuno pela primeira vez em alta definição. O intuito de registrar o planeta nitidamente não impediu que, dentre as imagens obtidas, um detalhe curioso surgisse justamente sob a forma de mancha. Diante de questões pragmáticas levantadas pelos registros, a mancha foi inicialmente considerada “um mistério menor”, mas aos poucos se mostrou um importante tópico para os estudos astronômicos. Conhecida como “GDS-98”, a “grande mancha escura”, revelou-se, posteriormente, a imagem de uma tempestade anticiclônica que por incessantes décadas produzia os ventos mais velozes do Sistema Solar. Em 1994, misteriosamente, a nódoa na superfície de Netuno desobedeceu as previsões diárias sobre seu deslocamento e passou a girar em direção contrária. Ainda não temos pistas sobre o que isso quer dizer — talvez simples mudanças na rotina assim como essas realizadas na vida cotidiana de uma pessoa que, movida pelo desejo de transformação, decide bruscamente trocar seu penteado.
8) E essa frase do Oliver Sacks:
Em 40 anos de prática médica, encontrei apenas dois tipos de terapia não-farmacêuticas que são de importância vital para pacientes com doenças neurológicas crônicas: músicas e jardins.
9) Estou super curiosa para ver o filme da Barbie, que estreia dia 20/7. E nessa semana meu crush Mark Ronson — produtor e parceiro da Amy Winehouse, criador de um dos seriados mais legais que há sobre música e genro da Meryl Streep — se postou com roupinha rosa que ele ganhou de presente da Beyoncé. Foi ele quem fez a trilha sonora do longa e a gente está louco pra escutar, né? Também vi essa semana que tem um filme sobre Bob Marley no forno: vai chamar One Love e estreia ano que vem.
10) Já em SP, mas ainda em clima de Bahia…
Jardim e música como terapia, meu deus, a beleza, o ritmo, quase um piripaque.