Cate Blanchett no festival Glastonbury, na performance do duo Sparks
via @thecinegogue
1) Oskar Schlemmer (1888-1943) foi um dos professores mais marcantes da história da Bauhaus. Multitalentoso, foi convidado por Walter Gropius para dar aulas e, lá, ele passa pela direção do departamento de pintura, trabalha nas oficinas de madeira e serralheria, ensina desenho, e acaba se dedicando aos palcos. Seus ensinamentos cobriam desde movimento cinético e filosofia até a relação do corpo com o espaço. Segundo ele: “A história do teatro é a história da transformação do corpo humano”. Reli essa frase algumas vezes, achei intrigante. Fiquei com vontade de comprar esse livro, com suas cartas e diários. Na maioria das apresentações dirigidas por ele, as coreôs eram maluquíssimas e os dançarinos usavam capacetes e trajes ultra-volumosos que remetiam a armaduras, escafandros e robôs. Maravilhoso, não?
2) Outro dia saiu uma matéria no NYTimes escrita por uma psiquiatra que atende principalmente meninas e jovens mulheres. Achei fascinante. No artigo, a doutora Suzanne Garfinkle-Crowell conta que suas pacientes se apoiaram em Taylor Swift como uma espécie de irmã mais velha durante as agonias diárias de uma adolescente: amizades instáveis, o pelotão de fuzilamento 24 horas da internet e, claro, o desejo infinito de se sentir vista e valorizada. Ela também confessa que, por tabela, acabou se apaixonando por Swift, e conclui:
Minhas pacientes têm uma profissional dedicada para ouvi-las por 45 minutos por semana e trabalhar com elas para identificar sentimentos complexos. Mas poucos adolescentes têm acesso a esse tipo de apoio. É confuso ser humano e ser mulher — por isso, fico feliz, tanto por minhas pacientes à meia-noite quanto por sua comunidade populosa e cintilante, por terem alguém tão articulado, tão generoso e tão infinitamente presente para conversar.
3) Conheço — e gosto! — de algumas poucas músicas dela. Fui pesquisar minha lista (infinita) de liked songs do Spotify e lá estavam Red, I Knew You Were Trouble., Lover e Blank Space. Por ser mãe de adolescentes e viciada em música, senti que precisava estudar um pouco mais o mundo de Taylor, haha. Fui logo ver o documentário Miss Americana, no Netflix. Gostei — e fiquei P da vida ao relembrar do episódio com Kanye West (minuto 0:43 aqui). Não sabia que ela era a segunda mulher mais poderosa da indústria da música, tendo ultrapassado Beyoncé e Madonna com uma fortuna estimada em US$ 740 milhões (ela só perde pra Rihanna e seus US$ 1.4 bilhões).
4) Separei os livros que quero atacar nesse mês. Como gosto de ler vários ao mesmo tempo, acabo preferindo não-ficção. Mas também infiltro uns de ficção no meio para variar e viajar :). E acabei colocando na mala de última hora The Soul of a Woman, da Isabel Allende.
De cima pra baixo: The Healing Promise of Qi, Manet, The Philosophy of Modern Song, The Book of Lymph, Mulher Feita, Lançar Mundos no Mundo, But Beautiful, The Maria Lassnig Biography.
E vocês? O que têm lido de bom? Ou o que estão pensando em ler :)?
5) Sabe como é a vida, né? Quando fui colocar na mala o livro do Bob Dylan sobre a canção moderna, acabei lendo um capítulo. Aí, quando vi, estava sentada lendo o segundo. Fui dormir à 1h da manhã porque não conseguia largar a publicação. Gente, como ele escreve bem. Não ganhou o Nobel da Literatura em 2016 à toa! Cada capítulo é dedicado a uma música e Bob consegue falar delas com intimidade, curiosidade, emoção e muito senso de humor — como descrito na orelha, é “de rir alto”. Fora o prazer de poder escutar a música citada para entrar no clima e nunca mais ouvi-la com os mesmos ouvidos depois do “filtro Bob Dylan”. Tem até uma playlist no Spotify com as faixas que aparecem no livro. Para quem ama música, é um must.
Um trechinho que grifei ontem falava assim sobre a música Doesn’t Hurt Anymore, do indígena e ativista norte-americano John Trudell:
Como se identificar com um mundo que te deixou de lado? Que levou embora tudo o que você tinha sem pedir permissão? Um mundo que está adormecido numa longa siesta (…). Você vai à mítica terra do renascimento, encara o espelho do céu da noite e fala com seus ancestrais. Eles estão totalmente acordados.
6) Outro que comecei a folhear e não consegui mais largar foi The Soul of a Woman, de Isabel Allende. Narrado em primeira pessoa, o livro conta a vida da autora e reflete sobre como em sua trajetória — desde sua infância e adolescência —, a autora já começa a se tornar uma “feminista”. A definição de feminismo para ela? “Não é o que temos entre as pernas, mas entre as orelhas” (…) “É isso que a mulher quer: estar segura, ser valorizada, viver em paz, ter recursos próprios, estar conectada, ter controle sobre seu corpo e vida e, acima de tudo, ser amada”. Para quem gostou da dica do podcast da Julia Louis-Dreyfus, o ep com a Allende é um dos melhores, né?
7) Alô, alô, bird watchers! Olha esse porta-comida de passarinho que já tira fotos deles para você saber quem está frequentando seu jardim/varanda/janela e poder stalkear a plumagem deles com a devida calma. Meio cafona, mas fofo, vai?
8) Adorei essa reflexão da Dazed Fashion — que vale também para o mundo das artes plásticas e para outras cidades, como Nova York:
Poderiam Alexander McQueen, John Galliano e Vivienne Westwood começar uma carreira na moda no clima atual? Nos anos 80, criativos “falidos” muitas vezes viviam e trabalhavam em ocupações ilegais. Stephen Jones ficou famoso por ocupar um prédio abandonado na Warren Street com Boy George, enquanto Galliano e McQueen (que estava desempregado) tinham família em Londres. “As pessoas não podem fazer isso agora porque não há um único espaço que você possa usar sem pagar aluguel”, diz @finleytj_, que se formará na Central Saint Martins este ano. Parte do problema é que as universidades no Reino Unido se tornaram empresas, em vez de institutos de aprendizado – sua principal fonte de financiamento mudou de subsídios do governo para mensalidades – o que significa que escolas de arte como a CSM dependem de alunos cada vez mais ricos para obter receita. Como parte de nossa campanha #HORRORNATION explorando o estado atual do Reino Unido a partir da perspectiva dos jovens que vivem aqui, perguntamos: o que perdemos quando nossos talentos menos privilegiados não conseguem sobreviver ao sistema da moda?
9) Metropolitan, MoMA, Guggenheim, Whitney Museum, Frick Collection, New Museum, Museu de História Natural… quem vem visitar NYC costuma ir (ou querer ir, mas não conseguir tempo de ir!) a esses museus. São, de fato, todos fantásticos e merecem múltiplas visitas ao longo de uma vida — nunca será possível conhecê-los totalmente.
Isso dito, um museu que não costuma ser tão explorado por turistas, mas deveria!, é o Rubin Art Museum. Estive lá semana passada e fiquei com vontade de fazer uma homenagenzinha a ele aqui :) O Rubin é dedicado à “coleção, exibição e preservação da arte e das culturas do Himalaia, do subcontinente indiano, da Ásia Central e de outras regiões da Eurásia, com uma coleção permanente focada principalmente na arte tibetana”. No momento, está em cartaz uma exposição sobre vida depois da morte… Deu pra sentir a vibe?
10) Já falei da minha amiga Helena aqui antes. Psicanalista, autora e ser-humano-incrível, ela perdeu sua amada mãe recentemente. Saiu essa semana na Folha de SPaulo o texto que ela leu na missa de sétimo dia. Preparei essa playlist para ela, músicas que costumam acalmar meu coração.
_ E vocês? O que têm lido de bom? Ou que estão pensando em ler :)?
Estou lendo e amando Proust. "A la recherche du temps perdu" é maravilhoso. Mas precisa ser saboreado, lido com calma, no tempo de Proust.
Obrigada pela dica do livro do Dylan, mas nunca tinha lido seu livro. Me lembrei de um artigo do Marcelo Rubens Paiva contando que ele pediu ao ChatGPT para traduzir suas músicas e... o IA nao conseguiu...
Depois de ler IOGA, fui atrás de conhecer mais do homem e, meu deus, O BIGODE me deixou de cara!
A Taylor Swift que me salvou na adolescência atende pelo nome de Renato Russo. Eu não seria nada sem aquele gosto amargo do teu corpo ficou na minha boca por mais tempo de amargo então salgado ficou doce... kkkk
Um beijo!