1) Essa capa de disco tem a cara da minha infância. Junto com Pirlimpimpim e Emotional Rescue dos Rolling Stones, esse álbum de Rita Lee e Roberto de Carvalho era a trilha sonora de tudo que acontecia na sala de casa. Acho que Rita Lee é isso para muita gente: provocadora das memórias mais doces — seja nas pistas de dança da vida com seus Lança Perfumes, seja com sua rebeldia cool nos Mutantes ou com seus comentários precisos e ácidos. Sempre atual. Musa eterna. Rainha do rock. Viva Rita Lee!
2) Esse poema de Mary Oliver me lembra a nossa roqueira:
Desde que você esteja dançando, você pode
Quebrar as regras.
Às vezes quebrar as regras é apenas
Estender as regras
Às vezes não há regras
3) O Museu de História Natural de NYC ganhou um prédio novo assinado pela arquiteta Jeanne Gang. Imitando um canion, o novo Centro para Ciência Richard Gilder custou US$ 465 milhões para ser feito e se tornou um clássico instantâneo das atrações da cidade. Numa ilha rígida como Manhattan, onde cada vez mais os arranha-céus lutam pelas nuvens mais altas, é um alívio um edifício curvilíneo, lúdico e projetado por uma arquiteta mulher.
4) A exposição sobre Karl Lagerfeld no Costume Institute do Metropolitan Museum também está arrastando multidões. “A Line of Beauty” apresenta o lendário diretor criativo por trás de marcas como Chanel, Fendi e Chloé. O podcast da — minha primeira chef da vida! — Ale Farah com Bruno Astuto é uma aula sobre Ka”r”l. Depois de escutar, a gente nunca mais consegue pronunciar o nome do estilista sem tentar um sotaque alemão. Corre ouvir.
5) Adorei a lição de moral sobre sucesso que o atleta da NBA, Giannis Antetokounmpo, deu numa coletiva de imprensa — depois que seu time Milwaukee Bucks foi eliminado nos playoffs. No vídeo abaixo (em inglês), o jornalista pergunta se ele considera essa temporada um fracasso, Giannis responde que não ganhar o campeonato todos os anos não é o mesmo que fracassar, assim como as pessoas que não conseguem uma promoção de emprego todos os anos não “fracassaram”. “Você trabalha em direção a um objetivo. São passos para o sucesso”, disse.
6) Esse comentário me lembra uma fábula que li nesse livro sobre budismo. Perguntam ao mestre: “Como você conseguiu escapar do Tibet, cruzando a neve e as alturas das montanhas do Himalaia a pé?” Ele responde: "um passo de cada vez.”
7) A última Bienal de Veneza foi batizada com o título de um livro infantil que ela escreveu: “The Milk of Dreams”. Leonora Carrington (1917-2011) deixou um legado incrível de pinturas, esculturas, desenhos, máscaras, tapeçarias, figurinos, cenários, peças e contos. A artista inglesa está com uma exposição em cartaz em Madrid, “Revelación”, na Fundación MAPFRE. Filha de uma família poderosa do mundo da tapeçaria, ela foi expulsa de diversos colégios internos na Inglaterra, na Itália e na França. Em 1936, aos 19 anos, visitou uma mostra em Londres sobre Surrealismo e ficou fascinada — em especial — pelo trabalho de Max Ernst, por quem ela se apaixonaria pouco depois e com quem fugiria a Paris para se juntar ao círculo dos surrealistas. Vale fuçar mais sobre ela!
8) Acontece logo mais a exposição pedra sem-mundo, com curadoria de Ana Roman. Trata-se de uma parceria Gisela Projects com Galeria Estação. Espero vocês todos na abertura! Um preview aqui.
9) Hoje é aniversário do meu pai, que faleceu dois anos atrás. Como disse José Miguel Wisnik sobre a morte de Rita Lee, “não é ausência, é presença”. Sentir na pele que “aquilo que se perde é também aquilo que se ganha” tem sido especial. Meu pai está colado em tudo que faço — e por isso a newsletter de hoje vai para ele, que certamente seria leitor assíduo e a compartilharia com amigos e desconhecidos </3
Carlito Gueiros (1950-2021)
10) Não tem como não correr pra pista quando toca Rita. A playlist de hoje serve como convite para dançar na sala de casa. Que sorte ter esses hits como pano de fundo da vida toda, né?
Hottest Takes #22
Primeira vez que vejo sua news, indicada pela Naza.
Engraçado... O disco da Rita Lee também faz parte da minha infância (acho que era da minha irmã, 3 anos mais velha) e achava a capa curiosa... Eles querem fingir que é o mar? Eles estão PELADOS???
E, hoje, são 14 anos da morte da minha mãe. Não li o texto do Wisnick, mas sempre bom lembrar que ela mora aqui dentro de mim.
Enfim... Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck, não vou bancar o mocinho.
Eu ainda não consegui ver c atenção o novo edifício do Museu de História Natural! As fotos que vi me deixaram curiosa pra ver o projeto completo!