Bob Thompson, Triumph of Bacchus, 1964
1) Está em cartaz uma exposição belíssima (um deleite para os chromatofílicos como eu) do artista Bob Thompson, na galeria Michael Rosenfeld, no Chelsea, em Nova York. Thompson morreu super cedo, de overdose de heroína, aos 28 anos em 1966, mas produziu muito em sua curtíssima carreira — cerca de 1000 trabalhos. Mestre da cor, o artista nativo do Kentucky se inspirava nos grandes mestres. Só para citar alguns: Piero della Francesca, Tintoretto, Cranach, Giorgione, Nicolas Poussin, além dos “mais recentes” Cézanne, Matisse e Gauguin. Ele era muito ligado à cena avant-garde de Manhattan, tendo participado de happenings com a turma do Fluxus, se enturmado com poetas como Allen Ginsberg e frequentado clubes de jazz. Um garoto esperto.
Stairway to the Stars, c.1962
2) Gente, vocês já fizeram algum tipo de retiro? Fui pela primeira vez nesse fim de semana a um de yoga, com meu professor favorito e adorei! Achei impressionante como consegui desligar (mesmo) da rotina, do trabalho, do telefone — nada a se preocupar, toda a programação já organizada e, ao mesmo tempo, a sensação de liberdade para deitar e ler um livro, sair pra caminhar ou escutar música (de fone, claro) num cantinho se quiser ficar sozinh@. A professora disse uma frase que está ecoando em minha cabeça até agora: “priorize sua respiração” — basicamente sinônimo de priorizar o momento presente. Para quem se animar, tem um professor muito bom no Urban Yoga de SP que vai fazer um retiro em breve. Instagram dele aqui.
3) Um dos destaques do retiro para mim foi o fato de a instrutora de yoga ser também (professora de teatro no mestrado da NYU e) mestre em Qigong [lê-se tchígon]. Primo do Tai Chi Chuan, trata-se de uma forma de medicina tradicional chinesa que combina respiração, postura e movimentos para gerar energia interna, restaurar a saúde e criar sensação de bem-estar. Segundo aprendemos, “a energia Qi [tchi] está em toda parte e a prática serve como uma espécie de andaime que dá contorno ao que já está lá.” Fiquei encantada e quero praticar mais :) Abaixo um vídeo aleatório de um barbudo zen que achei no YouTube [sugiro começar a assistir já no minuto 15 do vídeo hehe] caso alguém tenha ficado curios@ para ver mais ou menos o que é. Os efeitos são palpáveis!
4) Na semana de design de Milão, o designer Robert Stadler apresentou uma série de móveis e luminárias em forma de frutas e vegetais geneticamente modificados. Lembrei das cerâmicas vintage em forma de repolho da Bordallo, que acho perfeitas :)
5) Estou monotemática, eu sei! Mas lá no retiro, em estilo bem meta, terminei de ler Ioga, o livro de Emmanuel Carrèrre. Ele vai da luz à sombra — com a mesma sensibilidade e profundeza que fala de yoga e meditação, ele fala de sua bipolaridade e dos tempos em que passa numa clínica psiquiátrica. Fiquei obcecada pelo autor e passei mais vários dias lendo entrevistas e ouvindo podcasts com ele. Ao longo do livro ele vai definindo o que é meditar. A lista fica mais ou menos assim:
6) E antes de parar de falar de meditação, tenho usado um mala 📿 para entoar mantras — o fato de ter algo concreto e que exige concentração tátil têm me ajudado muito. Aprendi com a Anita Carvalho.
7) Logo menos estarei em São Paulo de novo :). Pra quem quiser já anotar na agenda… Dia 29/5 das 19-21h abre uma exposição Gisela Projects na (divina) Galeria Estação, com curadoria da (brilhante) Ana Roman, apresentando as artistas (maravilhosas) Bianca Kann, Chiara Banfi, Goia Mujalli, Manuela Costa Lima e Melissa Dadourian.
Goia Mujalli, noite na Amazônia, 2019
8) Você também é apaixonad@ por poemas? Ontem me registrei para receber uma poesia por dia em meu email. Quer assinar? É em inglês, aqui.
9) Stone song
(Porto Alegre, 1996)
Eu gosto de olhar as pedras
que nunca saem dali.
Não desejam nem almejam
ser jamais o que não são.
O ser das pedras que vejo
é só ser, completamente.
Eu quero ser como as pedras
que nunca saem dali.
Mesmo que a pedra não voe,
quem saberá de seus sonhos?
Os sonhos não são desejos,
os sonhos sabem ser sonhos.
Eu quero ser como as pedras
e nunca sair daqui.
Sempre estar, completamente,
onde estiver o meu ser.
PS: acho que não parei de falar de meditação, né?
10) Essa é minha época favorita do ano. O céu azul entra em sintonia com a temperatura ideal e chega a dar vontade de andar cantando e dançando pelas ruas de NY. A gente começa a sentir um gostinho do verão de aproximando. Isso tudo regado pela paz-pós-retiro. Vem ouvir!
Hottest Takes #21
mijar e cagar com atencao <3
Eu também ando bem monotemática com Ioga, do Emmanuel Carrère. Mexeu comigo de um jeito absurdo e terminei de ler querendo ir pra um retiro.