Gerhard Richter & Isa Genzken, Wall-art in underground, Duisburg, 1980–92
1) Adoro a ideia de que a boa mãe é aquela que se faz desnecessária com o passar do tempo. E acredito que o mesmo valha para qualquer tipo de professor e/ou “líder”. Por isso, compartilho aqui o que ouvi certa vez numa palestra sobre meditação. Sabem qual a verdadeira definição de guru? Soletre a palavra em inglês: G-U-R-U (Gee, you are you)!
Vaso grego do Met Museum já que não existe muita imagem boa de guru por aí
2) Não é novidade — está em pauta desde o fim de março na Elle UK –, mas não quis deixar passar o termo mais falado do momento no mundo da moda… Quiet Luxury! Segundo Leandra Cohen, a.k.a. ex-Man Repeller, QL se refere à alta qualidade dos materiais usados nas roupas, corte mais pro minimalista, energia desencanada — nada de peruice —, vibe clássica e um toque do que os norte-americanos chamam de old-money — basicamente o oposto do estilo novo rico. Discreto, mas chique.
Roupas que você poderia usar numa festa à beira da piscina, já que não teria problema algum se algumas das peças molhassem. Roupas práticas e sensatas, mas que de alguma forma também dão um sinal classudo, tipo um casaco Barbour.
3) E a sabedoria da Maya Angelou?
Por causa das rotinas que seguimos, muitas vezes nos esquecemos que a vida se trata de uma aventura contínua... A vida é pura aventura, e quanto mais cedo percebermos isso, mais rápido seremos capazes de tratar a vida como arte: trazer toda a nossa energia para cada encontro, ser flexível o suficiente para perceber e admitir quando aquilo que esperávamos não acontece. Lembrar que somos seres criativos e podemos inventar novos cenários com a frequência que for necessária.
4) Outra maravilha que li essa semana sobre poesia — de Gonçalo M. Tavares e Madalena Matoso.
Escuta este verso do poeta Rafael Alberti: "E a mim preocupam-me muito o silêncio, a astronomia e a velocidade de um cavalo parado.” Qual a velocidade de um cavalo parado? É a velocidade dos teus olhos, da atenção que dá às coisas imóveis. A poesia é isso (ou mais ou menos isso).
5) Roubado com carinho do Instagram de uma amiga:
6) Vocês não sabem a emoção que foi quando um leitor dessa newsletter apareceu no meu estande da SP-Arte e disse: adoro seus Hottest Takes e escuto suas playlists todas! (ele ganhou um biscrock:) Hoje, tem outra chance de vocês, meus queridos leitores, virem bater papo comigo e ver arte ao mesmo tempo. Abre nessa quinta Engradados, uma exposição pop-up apresentando 12 artistas, organizada por Gisela Projects. É agora: 13/4, das 17-21h no Taller Zaragoza, rua Amauri, 76. Quem vem?
Um gostinho aqui.
Móbile de Regina Dabdab que faz parte da exposição
7) Tem coisas que a gente lê, entende, mas, na verdade, nunca vai de fato apreender. Tipo esse trecho aqui, do Sam Kriss:
Por volta da virada do século, o mundo continha cerca de 50 exabytes de dados: desde os primeiros documentos da Mesopotâmia impressos em tabuletas de argila, passando por cinco mil anos de livros, panfletos e diários, até Shrek. Hoje, há cerca de 65 zettabytes. Um zettabyte é mil exabytes; um exabyte é um bilhão de gigabytes. (Cada palavra falada por qualquer um que já viveu chegaria a cerca de 5 exabytes: um erro de arredondamento. Uma molécula de DNA contém cerca de um gigabyte e meio: as instruções para construir você ocupam quase tantos dados quanto Shrek em 1080p.) Quase todas as informações já produzidas por nossa espécie foram produzidas nos últimos anos. O último homem a ler todos os dados publicamente disponíveis foi o polímata e místico do século XV Giovanni Pico della Mirandola. (As pessoas às vezes fazem a mesma afirmação sobre Samuel Taylor Coleridge; eles estão errados.) Ele conhecia todo o corpus de textos gregos e latinos, e também hebraico e árabe; estudou Cabalá com o rabino italiano Yohanan Alemanno; ele poderia recitar a poesia de todos os vernáculos europeus. Um Pico contemporâneo, enquanto isso, teria de ler não apenas todos os romances já publicados, mas todos os artigos de todos os jornais, todas as postagens no Facebook, todas as páginas de todos os sites corporativos, todos os tweets, todos os relatórios de status de todas as lâmpadas habilitadas para wi-fi. A tarefa é impossível.
8) No NYTimes essa semana me marcou a entrevista com o pioneiro dos psicodélicos Dr. Roland Griffiths, que está com um câncer terminal. Uma das respostas dele nos ilumina assim:
Quero que todos apreciem a alegria e a maravilha de cada momento de suas vidas. Devemos ficar surpresos por estarmos aqui quando olhamos ao redor para a maravilha e beleza requintadas de tudo. Acho que todo mundo já tem uma noção disso. Todos os dias há uma razão para comemorar que estamos vivos, que temos mais um dia para explorar qualquer que seja esse dom de estarmos conscientes, de estarmos cientes, de estarmos cientes de que estamos cientes. Esse é o profundo mistério sobre o qual continuo falando. Isso é para ser comemorado!
Amei essa frase… “de estarmos cientes, de estarmos cientes de que estamos cientes”
9) Um poema de Fernando Pessoa — Alberto Caeiro — para aquecer o coração:
IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
10) [Queixo caído] Acabei de sair do show da Céu no Blue Note [pausa]. Que delícia de noite! A voz dela é divina. Que sorte vê-la cantar ao vivo de novo e sempre querer mais! Durante a apresentação pensei: que bom que ela nunca desistiu de ser cantora! Viva uma das maiores vozes do Brasil <3
Também quero ganhar um biscrok! As amizades nunca são desnecessárias tá??? 🫶
Mais uma newsletter boa de ler! Minha sugestão: Gisela Projects em Poa. Obrigada, guria! 😊😘