Vaso de Fernanda Feher — ainda no estúdio de cerâmica —, que estará em nosso estande Gisela Projects (E20), na SP-Arte de 30/3-2/4. Esperamos vocês lá!
1) Esses dias li um texto maravilhoso, “O que é Tao”. Queria compartilhar aqui — traduzido livremente:
Conselho de Alan Watts: “Seja como um gato” “Quando um gato cai de uma árvore, ele se solta. Fica completamente relaxado e pousa levemente no chão. Mas se um gato estivesse prestes a cair de uma árvore e de repente decidisse que não quer cair, ficaria tenso e rígido e viraria um saco de ossos quebrados ao pousar. Segundo a filosofia Tao, todos nós estamos caindo de uma árvore a todo instante, ao longo de nossas vidas. Na verdade, no momento em que nascemos, fomos lançados de um precipício e estamos caindo -- não há nada que possa impedir isso. Portanto, em vez de viver em um estado de tensão crônica e se apegar a todos os tipos de coisas que estão caindo conosco -- já que o mundo todo é impermanente --, seja como um gato.
(=ʘᆽʘ=)
Gato desenhado com caracteres :)
2) Demos risadas outro dia num grupo de WhatsApp que tenho com duas amigas — uma delas já morou aqui, mas voltou ao Brasil; a outra continua em NYC como eu. Essa amiga que voltou ao Brasil está grávida e encomendou uma babá eletrônica.
Ao enviar o produto, coloquei tudo numa tote Gisela Projects. No chat, perguntei: “recebeu a encomenda? Gostou da tote?”. Quando ela respondeu que não sabia o que era uma tote, a amiga que ainda mora aqui se indignou:
“Como assim você não sabe o que é tote!? Além de ser uma sacola de pano que t-o-d-o mundo usa e carrega por onde for, a tote aqui em Nova York é um statement — você é definido pela tote que usa!”.
A pedido dela, venho esclarecer para meus queridos leitores a importância desse item. Não só para ir ao mercado, mas também para carregar uma garrafinha d’água, um lanche para as crianças, um livro, um iPad, literalmente tudo… qualquer coisa que não caiba no bolso ou na bolsa. Aproveito para mostrar 4 favoritas da minha coleção:
1- tote Gisela Projects, 2-tote da exposição do Alex Katz, 3-tote que diz: John Lennon Broke Up Fluxus (em resposta à ideia de que Yoko Ono separou os Beatles, hahaha), 4-tote “básica” de oncinha da J. Crew
Oi, gente! Eu com minha tote que carrego sempre — se não no ombro, dentro da bolsa para emergências
3) Estou fissurada na Wangechi Mutu (1972). A artista queniana, que divide seu tempo entre Nairobi e Nova York, já tinha chamado minha atenção antes — na fachada do Metropolitan Museum e na Bienal do Whitney Museum uns anos atrás. Mas foi nessa retrospectiva do New Museum que me apaixonei de vez — e sem volta. E adorei essa descrição feita pela curadora da mostra, Vivian Crockett:
O trabalho de Mutu se caracteriza por um senso de limites permeáveis e hibridismo. Ela investiu nos encontros complexos entre corpos, lugares e estruturas. Seu trabalho lida com realidades contemporâneas e oferece novos modelos para um futuro radicalmente mudado, informado pelo feminismo, pelo afrofuturismo e pela simbiose interespécies.
“Intertwined” fica em cartaz até 4 de junho de 2023
4) Essa postagem do curador Paulo Miyada multiplicou a vontade que eu já tinha de visitar as pinturas rupestres brasileiras, na Serra da Capivara, no Piauí:
Ainda não sei produzir um discurso articulado sobre isso tudo, talvez nunca saiba. Mas a mensagem é: se puder, planeje uma visita à Serra da Capivara, no Piauí. Acachapante, seu encontro de tempos e histórias emaranhados começa pela formação e transformação da terra, do bioma, do clima, passa pelos primórios (mesmo) da espécie humana no continente, atravessa de modo esbaldante os traços de uma cultura multimilenar originária em fértil fricção com seu território, mescla-se com a vida dos moradores da região nos últimos dois séculos, alcança a iniciativa científica, patrimonial, ecológica, educativa, fundacional, comunitária e política desencadeada pela arqueóloga Niède Guidon e suas aliadas, e funde-se em um presente prenhe de potentes sementes, mas sempre comprimido pela fragilidade das políticas públicas e pela repetição das práticas de apagamento da memória neste país de molde colonial. E essa é só a ponta do iceberg, ou melhor, o estrato superficial de um sítio de inapreensivel profundidade.
5) Paralelo à programação da SP-Arte, teremos um espaço na Galeria Lume. No sábado 25/3 — sem ser esse o próximo —, abre Futuro Oásis, com texto de Henrique Menezes, apresentando trabalhos recentes de Gabriel Botta, Fernanda Feher, Sarah Heinemann, Cela Luz e Talita Zaragoza. Adoraríamos ver vocês por lá :)! Convite abaixo:
6) E essa curiosidade “de internet” sobre a passagem do tempo:
Ninguém vive no presente Apesar da popularidade de expressões como “viver no presente” ou “aproveitar o aqui e agora”, a verdade é que não existe o presente ou o agora. O cérebro humano leva aproximadamente 80 milissegundos para perceber e interpretar qualquer evento. Em outras palavras, o que percebemos como “agora” já aconteceu 80 milissegundos atrás. Os seres humanos vivem no passado, mesmo que o atraso seja mínimo.
7) O que me lembra um poema da autora polonesa Wisława Szymborska que é uma belezinha:
As três palavras mais estranhas
Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio, destruo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser.
Wislawa Szymborska, ganhadora do Nobel da Literatura em 1996
8) Postei no meu Instagram essa semana: os móveis desenhados pelo artista austríaco Franz West servem como escultura e experimento social. Influenciado por Freud, West criava espaços para os espectaodres descansarem e refletirem sobre as obras de arte, sugerindo modelos alternativos de exposição.
Trabalho de Franz West na Documenta de Kassel em 1992
Consultório de Sigmund Freud em Viena, 1938
9) Quem assistiu Triângulo da Tristeza? Apesar de eu ser contra qualquer filme ter mais de 2 horas de duração, achei o longa interessante — uma proposta parecida com o seriado White Lotus. Nunca mais conseguirei pensar no espaço entre as sobrancelhas sem lembrar que aquela região se chama “triângulo da tristeza”.
"Triângulo da tristeza" é um termo usado para definir a área entre as sobrancelhas e a parte de cima do nariz. A região tende a desenvolver rugas com a idade e enfatiza expressões faciais negativas, como tristeza ou raiva, mesmo quando o rosto da pessoa repousa em uma posição neutra.
10) Hoje a playlist vem assinada pelo meu irmão mais velho — o maratonista, lembram? Colecionador de discos, ele tem gosto bem eclético. Adorei desenterrar Roxette!
tô paralisada no ensinamento dos gatos até agora. será que ajuda pra quem tem pavor de aviao? vou tentar haha <3
Serra da Capivara está na minha lista!
Como vc fui pesquisar o triangulo da tristeza e encontrei a explicação do diretor, diferente da definiçao estetica q botox tem resolvido
“Na Suécia, chamamos essa marca de ruga de preocupação. É um sinal de que passamos por muitas provações na vida. Interpretei essa marca de expressão facial como um indicativo da obsessão de nossos tempos com a aparência física, e como o bem-estar interior é, em certo sentido, secundário para muitos.”