Via @pppiccioli
1) “A linguagem está para Lacan assim como a questão sexual está para Freud”. Pensando nisso, é curioso refletir sobre o nome dado para cada coisa e como isso nos afeta. Abaixo, Maria Popova escreve sobre o tema:
Nomear uma coisa é reconhecer sua existência como separada de tudo o mais que tem um nome; dar a ela a dignidade da autonomia e, ao mesmo tempo, afirmar seu pertencimento ao resto do mundo nomeável; transformar sua estranheza em familiaridade, que é a raiz da empatia. Nomear é prestar atenção; nomear é amar.
Robin Wall Kimmerer, um Thoreau da botânica, capta essa ideia lindamente:
Ter palavras para essas formas torna as diferenças entre elas muito mais óbvias. Com as palavras à sua disposição, você pode ver com mais clareza. Encontrar as palavras é outro passo para aprender a ver. […] Ter palavras também cria uma intimidade com a planta que fala de observação cuidadosa.
2) E, por falar em botânica, atenção e livros, lançou essa semana “Saving Time”, nova publicação da artista/autora/gênia Jeny Odell. Adorei o primeiro best seller dela de 2020, uma reflexão fundamental para o mundo de hoje. “How to Do Nothing” trata da economia da atenção e de como escolher no que focar. Na conclusão, ela fala sobre a idade do bico dos pelicanos (spoiler: 30 milhões de anos!). Em seu novo livro, Odell escreve sobre nossa relação com o tempo. Louca pra ler…
3) Preparativos a todo vapor para a participação de Gisela Projects na SP-Arte! A tela abaixo, de Fernanda Feher, estará no nosso estande, E20 — de 30/3-2/4. Venham nos visitar! <3
4) Já ouviram falar do Fun Palace? Ideia da célebre diretora de teatro Joan Littlewood e do arquiteto Cedric Price. O projeto nunca foi realizado, mas era o sonho deles construir um espaço onde as pessoas de uma comunidade pudessem se reunir para celebrar as artes, a ciência e a cultura.
Escolha o que você quer fazer – ou assista alguém fazendo isso. Aprenda a manusear ferramentas, tintas, bebês, máquinas ou apenas ouça sua música favorita. Dance, fale ou seja levado para onde você possa ver como as outras pessoas fazem as coisas funcionarem. Sente-se no espaço com uma bebida e sintonize-se com o que está acontecendo em outras partes da cidade. Tente iniciar um tumulto ou começar uma pintura — ou simplesmente deite-se e olhe para o céu.
Cedric Price, Fun Palace: seção mostrando o uso potencial de espaços internos, 1963 // Hans Ulrich Obrist, curador do pavilhão suíço da Bienal de Veneza de 2014 com uma maquete do Fun Palace.
5) Outro dia, um leitor querido me pediu para falar um pouco sobre o artista Paul McCarthy (não é McCartney!). Trocamos uma ideia sobre Abject Art e lembrei de uma exposição muito marcante que vi aqui em 2008, no Whitney Museum. Mais especificamente de uma instalação de casas rotatórias. Algumas delas, ao girar, faziam um barulho violento de portas batendo sem parar. Vale espiar aqui para sentir um gostinho do mundo de McCarthy…
6) Tenho gostado cada vez mais de aplicar ensinamentos da prática de yoga na vida real. Hoje, depois de um pranayama — exercício de respiração —, a professora sugeriu: “now, allow things to shift” — algo como, “agora, deixe que as coisas mudem”.
Piet Mondrian “Tableau no2 / Composition no. V”, 1914
7) Meu irmão mais velho acabou de correr sua oitava maratona, 6 delas majors — provas de corrida mais importantes do mundo (!). Perguntei a ele:
Você correu maratonas em NY, Boston, Londres, Chicago, Berlin e agora Tóquio. Qual foi sua favorita e por que? Boston. É um clichê, já que é a favorita de muita gente, mas corri no fim da primeira leva da pandemia em outubro de 2021, 3 meses depois de perder meu pai e tendo de fazer quarentena no Canadá para poder entrar nos EUA. Foi tudo muito intenso e valeu a pena: consegui meu primeiro sub 3h (completar a corrida em menos de três horas).
Qual a importância dos rituais em provas de resistência como essas? E qual o seu ritual? Estar bem treinado, claro, faz a diferença para uma boa prova. Então você determina um objetivo e passa a treinar para atingir essa meta. “Cumprir a planilha” é, na verdde, o ritual mais importante. No dia da prova, escutar seu corpo e executar a estratégia programada — de velocidade, hidratação e suplementação. A negociação mental que vem no final é muito particular — tem quem faça contas ou quem olhe no relógio a cada minuto. Eu costumo calcular o quanto falta e ir mentalizando que a distância está ficando mais curta a cada passo. Um clássico…!
Parabéns, bro! A playlist da semana que vem vem assinada por ele :)
8) Estou assistindo Fleishman is in Trouble, da Hulu, com os atores Jesse Eisenberg (Facebook), Lizzy Caplan (Masters of Sex) e Claire Danes (Homeland). Adaptada do livro homônimo de Taffy Brodesser-Akner, a série de 8 episódios conta a história do médico recém-divorciado Toby Fleishman. Faltam dois capítulos para eu acabar e estou ultra curiosa…!
Fleishman is in Trouble: Lizzy Caplan e Jesse Eisenberg fazem papel de melhores amigos e navegam juntos a crise da meia-idade
9) Meu filho faz natação 5 x por semana. Entre seus colegas de time, a tendência na piscina é uma sandália em forma de tubarão :)
10) A temporada de Peixes equivale à TPM do zodíaco — marca o fim de um ciclo. Áries — no hemisfério Norte — chega junto com a primavera e marca o começo do ano astrológico. Por isso, a playlist tem essa vibe:
Apaixonada pelas telas que você postou!
Esse #15 daria horas de conversa! Aqui vou ficar com o “nadismo” que descobri há pouco tempo com o monge budista
@stephen.little.manjupriya que durante a pandemia criou o “retiro urbano” (segue ate hoje) com praticas via FB e Instagram - e entre outras a pratica do sensacional nadismo. Vale checar!
Super playlist