Detalhe da pintura de John Singer Sargent
1) Sem saber direito do que se tratava, a convite de uma amiga, fui ao tour de lançamento do novo livro The Book of Alchemy, de Suleika Jaouad. A autora, ativista e artista é casada com o pianista Jon Batiste, que também fazia parte do show, no BAM.
Hoje, aos 36 anos, Jaouad já recebeu 3 diagnósticos de leucemia — sendo o primeiro aos 22. A newsletter dela no Substack tem mais de 200 mil assinantes (aqui).
Os dois — que se conhecem desde os 12 anos de idade e estudaram juntos na prestigiosa escola de artes Julliard — cantaram, se beijaram, quase choraram, conversaram, e emocionaram a plateia do começo ao fim do espetáculo. Ele contou a história do dia em que foi visitá-la no hospital (antes de começarem a namorar) e trouxe sua banda de surpresa, levando médicos e pacientes a cantar e chorar.
Duas frases dela ficaram ecoando em minha cabeça:
“Você não precisa vencer 100% do seu medo, basta que sua curiosidade seja 1% maior que ele.”
Diante de seu terceiro diagnóstico de câncer, o médico sugeriu a ela: “viva cada dia como se fosse o último”. A autora tentou e achou exaustivo. Criou, então, uma nova versão da mesma ideia: viver cada dia como se fosse o primeiro, com curiosidade infantil.
2) Outro dia, eu estava oferecendo uma visita guiada num museu, quando a pessoa no tour me disse: “você acredita que se eu tirar uma foto dessa pintura e jogar na inteligência artificial ela te passa todas as informações necessárias sobre esse trabalho?” Não sabia se eu ria ou chorava. Deixo aqui, então, uma frase de Jerry Saltz para reflexão:
O problema da arte feita por inteligência artificial é que ela pode dizer “qualquer coisa”, mas não “alguma coisa”.
No original:
The problem with AI art is it can say anything, but not something.
Vincent van Gogh
3) Depois de maratonar o seriado The Pitt (HBO Max), que não é muito meu estilo — sobre um pronto socorro em Pittsburgh, com cirurgias, sangue, etc —, fiquei com vontade de assistir a nova série da Amazon Prime com Charlotte Gainsbourg, Étoile:
4) Como mãe de dois adolescentes, estou sempre ligada no que diz Lisa Damour. Adoro o podcast e a visão dela sobre as coisas. Outro dia, a psicóloga sugeriu uma pergunta para fazermos aos nossos filhos — e achei que vale também para adultos — em situação de apuros:
Há algo que eu possa fazer que não vá piorar ainda mais a situação?
No original:
Is there anything I can do that won’t make this worse?
5) Está divina a nova exposicão do Metropolitan Museum sobre John Singer Sargent (1856–1925), Sargent and Paris, que explora a chegada do artista americano a Paris, aos 18 anos de idade. Para mim, Sargent é o rei da tinta branca — ninguém sabe usar os mais variados tons dessa “cor” como ele. Apesar de ser famoso por ter pintado a icônica Madame X, um escândalo na época, eu gosto mesmo é dessa pintura aqui:
Fumée d'Ambre Gris (Smoke of Ambergris), 1880
6) “Onde quer que você vá, lá você estará”, no original: "wherever you go, there you are" — atribuída ao personagem Buckaroo Banzai, do filme de 1984 "The Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension".
7) Fui convidada por uma colega a conduzir uma visita guiada das artes subterrâneas da estação de trem Grand Central Madison. Murais de Yayoi Kusama e Kiki Smith “decoram” o terminal e eu adorei o comentário de Smith sobre a empreitada:
“Queria que as pessoas pudessem dizer: me encontre em frente ao veado”. Quando postei essa frase no Instagram, uma seguidora disse que em Tóquio, no bairro de Shibuya, também tem um cachorrinho (o hiperleal Hachiko) que serve como ponto de encontro. Adorei!
Um dos 5 murais de Kiki Smith na Grand Central Madison
O famoso ponto de encontro de Shibuya
8) As marcas podem ser tão espertas em suas ações de marketing e engajamento, né? Sou formada em Comunicação Social e me encanto quando há um toque de poesia nas soluções criativas do povo do mkt (como na campanha da Maria Bethânia com Sabrina Sato). A marca de macarrão Barilla resolveu criar playlists para cada formato de massa. As mixtapes têm a duração exata do tempo de cozimento daquele shape. Que tal preparar um fusilli?
9) Herdei da minha avó paterna a paixão pelo baralho. Jogo tranca semanalmente com meus amigos e, outro dia, aprendi um novo estilo chamado “tranca aberta” para ser jogado em 2 pessoas (obrigada pela aula, Ermê!) (e por topar aprender e jogar comigo por horas, Ana Maria!). Por exigir atenção completa e muitas tomadas de decisão, apelidei o jogo de “tranca Nazareth Tedesco”. Fiz um tutorial em vídeo abaixo, a quem interessar possa. Qualquer dúvida, mande mensagem :)
Renata Sorrah como Nazareth Tedesco, o famoso meme “Confused Math Lady”
10) Por morar numa cidade com inverno rigoroso, a primavera tem um gosto extra especial. Tenho caminhado por aí ouvindo isso aqui:
Amei demais essa campanha da Barilla.
Me encantei com Jon Batiste por causa da trilha sonora do filme Soul. No ano seguinte ele lançou um disco lindíssimo (We Are) e em seguida uma documentário, chamado American Symphony, onde fiquei conhecendo a história de Suleika, porque o filme trata justamente do período em que ela recebe o segundo diagnóstico. Foi quando me tornei fã dela também. Se não tiver visto ainda, recomendo. Acho que vai gostar.