Rick & Chelsea: together forever. Casting perfeito, diálogos impecáveis e a gente já na contagem regressiva para White Lotus Season 4, né?
1) Anne Carson no Quatro Cinco Um falando sobre seu diagnóstico de Parkinson’s:
Enfim, sua vida. É ela aí na sua frente — talvez uma estrada, um cordão, uma linha pontilhada, um mapa — você tem, digamos, vinte e cinco anos, toma algumas decisões, faz algumas coisas, retrocede, avança, se torna uma pessoa, motorista de ônibus, professora de linguística, pirata, esteticista, os anos passam, talvez com uma família, talvez sem, talvez feliz, talvez não, e então um dia você acorda e tem setenta anos. Ali em frente, dá para ver o vão escuro de uma porta. Você começa a reparar que ele está sempre ali, dobrando a esquina, mesmo que você não olhe. Quase todos os momentos o contêm, quase todos guardam uma espécie de vão sedimentado no fundo do copo. Você se pergunta se as outras pessoas também o enxergam. Você indaga. Dizem que não. Você quer saber por quê. Ninguém sabe dizer.
Há um minuto você tinha vinte e cinco anos. Então foi buscar a vida que queria. Um dia olhou para trás, a retrospectiva dos vinte e cinco até agora, e viu o vão, escuro, à espera.
Íntegra aqui. Em inglês, aqui.
Louis Fratino, Weekend, 2018
2) Outro dia, num jantar, sentei ao lado de um professor de Kung Fu. Papo vai, papo vem, e ele falou de uma ideia atribuída a Confúcio, de que nada é acaso ou sorte, “tudo é cálculo”. Segundo ele, o pássaro não pousa em qualquer lugar, em qualquer galho. Ele pousa exatamente onde deve pousar. Deixo com vocês essa bomba!
Morris Hirshfield, Girl with Pigeons, 1942
3) Assim que acabar de ler essa newsletter, vá assistir Bad Bunny no Tiny Desk. Uma espécie de João Gomes do Hemisfério Norte, Bony — como meu irmão gosta de chamá-lo — ganha mais do meu coração a cada canção. Aulinha de latinidade:
4) Com delay, comecei a assistir Bebê Rena na Netflix, a tal série sobre stalking. Adorei essa passagem:
Esse é o lance com Londres. Ela não estica o tapete vermelho pra ninguém. É como acordar um dia e se descobrir um figurante diante de um elenco de milhões. Então, quando alguém te vê através do caos disso tudo, te vê como a pessoa que você veio aqui para ser, você nota — você nota aquela pessoa notando você.
5) Já contei que quando vou ao Brasil tenho minhas manias — coisas que gosto de ver, comer e comprar. Como trabalho andando, faço questão de sapatos mega confortáveis e os da Botti são, pra mim, os melhores. Aproveitei a coleção nova e me joguei. Sonho! Na foto abaixo, em frente a uma pintura histórica de Di Cavalcanti na galeria Galatea, onde trabalhei durante a feira de arte:
6) Poema de Raymond Carver que ouvi de Pollyana Quintella quando mostrei a ela a foto abaixo:
E você teve o que queria
desta vida, apesar de tudo?
Tive.
E o que você queria?
Dizer que fui amado, me sentir
amado sobre a terra.Tradução de Cide Piquet
7) Em matéria de design de eletrônicos, Dieter Rams é imbatível e será eternamente copiado:
Dieter Rams, o lendário designer alemão por trás dos produtos icônicos da Braun, moldou a filosofia de design da Apple com sua abordagem "menos, mas melhor". Jony Ive, chefe de design da Apple, inspirou-se fortemente na estética minimalista de Rams e em seus princípios para um bom design.
Via @ Hidden NY
8) Amei essa animação do Saturday Night Live sobre NYC:
9) E esse hotel com décor do diretor italiano Luca Guadagnino? O Palazzo Talìa é um hotel boutique numa antiga casa romana do século 16. Os afrescos são do século 18 e foram pintados pelo Gaspare Serenario.
10) De volta ao batidão nova iorquino, criei essa playlist:
Anne Carson… que texto. ❤️ pode ser bom ver o vão escuro..
Tomei um susto quando abri o Substack e, por alguma razão, a edição de hoje não estava na página inicial. Ufa! Ainda bem que está aqui!
Adorei a descrição do Bad Bunny como "João Gomes do Hemisfério Norte". Não sei exatamente o porquê, mas não tinha parado para ouvir o novo álbum dele. É a promessa para o dia de hoje.