1) Meu avatar morreu por uns dias. Fiquei uma semana sem acesso à minha conta do Instagram – entrei em desespero! – e daí nasceu a vontade de começar essa newsletter. Um outro jeito de manter contato com vocês, sem depender apenas das redes sociais. Se gostarem, indiquem aos amigos :)
2) Artista para ficar no radar: Alteronce Gumby (1987). Entre vidros estilhaçados, cristais, cores fluo e muita resina, o trabalho de Gumby remete ao cosmos. Formado em artes pela Universidade de Yale, o afro-americano fez uma viagem para a Espanha aos 19 anos, quando ainda estudava arquitetura na Pensilvânia. Em sua exposição na galeria Nicola Vassell, vemos que, aos 35 anos, as influências de Gaudì continuam indo muito bem, obrigada. “Como artista, você meio que chega a essa percepção, quando está trabalhando em seu ateliê, de que não está apenas tentando descobrir o que é pintura; você também está tentando descobrir quem é você”. A cor — estética e politicamente — é seu tema de interesse.
Alteronce Gumby
Antoni Gaudi
3) Uma frase da escritora francesa Annie Ernaux, Prêmio Nobel de Literatura 2022, anunciado essa semana: “Talvez o verdadeiro propósito da minha vida seja que meu corpo, minhas sensações e meus pensamentos se transformem em escrita, ou seja, algo inteligível e universal, fazendo com que minha existência se misture à vida e à cabeça de outras pessoas.” do livro O Acontecimento, 2001. E, já que fiquei desconectada do Instagram por um tempinho, segue outra frase da autora para reflexão: “Todas as imagens vão desaparecer”.
Pierre Guillaud/AFP via Getty Images
4) Para seguir no Insta e ficar de olho: a mais cool de todas — quase cool demais —, Eliza Douglas. Artista e modelo, ela teve suas pinturas expostas no estande solo da galeria Overduin & Co na feira Armory e seu corpinho andrógino mais uma vez nas passarelas de lama da Balenciaga em Paris, em outubro.
5) "Angola, Congo, Benguela, Monjolo, Cabinda, Mina, Quiloa, Rebolla"… O episódio Chove Chuva, do podcast Projeto Querino, fala sobre a “mais bela expressão”, a música negra na cultura brasileira. Salve Jorge Ben Jor!
6) Para além do mundo do cinema, David Lynch também faz por aí apologia ao método TM – Meditação Transcendental – e a partir desse mês começou a ter suas artes representadas pela gigante Pace Gallery. Recomendo o documentário sobre ele: The Art Life. E, como curiosidade: quando fui a uma palestra dele no BAM uns anos atrás, ele jogou alguma forma de energia na plateia que fez muita gente entrar num breve transe. Eu estava lá e senti! Olha as luminárias/esculturas dele:
7) Num mundo de Google Maps e internet disponível quase 100% do tempo, Rebecca Solnit sugere em seu livro “A Field Guide to Getting Lost”, que a gente precisa se perder mais. No trecho mais lindo, ela fala sobre a cor azul:
“O mundo é azul em suas bordas e em suas profundezas. Este azul é a luz que se perdeu. A luz na extremidade azul do espectro não percorre toda a distância do sol até nós. Dispersa-se entre moléculas do ar, espalha-se na água. A água é incolor, a água rasa parece ser da cor do que está embaixo dela, mas a água profunda está cheia dessa luz dispersa, quanto mais pura a água, mais profundo o azul. O céu é azul pela mesma razão, mas o azul no horizonte, o azul da terra que parece se dissolver no céu, é um azul mais profundo, sonhador, melancólico, o azul nos confins dos lugares onde se vê por milhas, o azul da distância. Essa luz que não nos toca, não percorre toda a distância, a luz que se perde, nos dá a beleza do mundo, muito do qual está na cor azul. Há muitos anos que me comovo com o azul no extremo do que se vê, essa cor dos horizontes, das serras remotas, de qualquer coisa distante. A cor dessa distância é a cor de uma emoção, a cor da solidão e do desejo, a cor de lá visto daqui, a cor de onde você não está. E a cor de onde você nunca pode ir.” (pg 29)
Blue, Orange, Red, de Mark Rothko, 1961
8) O que está no carrinho de vocês? Antes de comprar qualquer coisa, deixo os meus objetos de desejo por dias, semanas e, às vezes, meses no meu carrinho online até apertar – ou não – “completar pedido”. Será que esse item vai continuar fazendo sentido na minha vida daqui a 5, 10 anos? Minha lista anda assim: casaco , calça, artes – isso mesmo, quero algumas das obras de arte que estão expostas aqui na Sardine Gallery, no Brooklyn, numa exposição que organizei via Gisela Projects :)
Paula Juchem
9) Já viram os escolhidos do prêmio MacArthur que foram anunciados hoje? Esse prêmio, apelidado de “Genius Grant”, ou “a bolsa dos gênios” em tradução livre, seleciona todo ano 40 pessoas “geniais” das mais variadas áreas. Ninguém sabe quem é o júri, nem quem está concorrendo. Cada escolhido recebe um prêmio de 800 mil dólares. Esse ano tem até ornitólogo no time de sortudos!
10) Preparei uma playlist para essa newsletter de estreia:
O que mais querem ver por aqui? Mandem seus comentários, vou amar ler!
Como sempre arrasou Gi! ☀️
Adorei vc por aqui! Adoro o seu olhar sempre artsy. Bjs!