Golden Studio, 2023, de Lisa Yuskavage, tema de um perfil recente na New Yorker. Leia aqui. Essa matéria sobre o ciclo de vida das galerias de NY também está muito interessante (obrigada, Guga!).
1) Sou apaixonada por Luiza Mussnich e seus escritos. Faz um tempinho que pedi a ela para enviar um poema para publicar aqui na newsletter. E olha a nossa sorte: Luiza mandou um inédito em circuito — um trecho que virou livro para seus familiares e amigos como lembrança de maternidade quando sua segunda filha, Maria, nasceu:
IV
O hábito de nomear os desastres em referência
a mulheres data aproximadamente da época da
Segunda Guerra
conta-se que o exército americano começou a
batizar tempestades com nomes de pessoas
e que eles preferiam escolher os de suas
namoradas, esposas, mães, irmãs, avós
e que esse critério virou regra em 1953
os nomes masculinos só se tornaram catastróficos
a partir dos anos 1970 para acabar com a desigualdade de gênero
(mas - que raridade! - eles ainda são minoria)
A maior parte dos furacões tem nome de mulher
como se coubesse a nós
a função de pôr em movimento
reorganizar as estruturas
bagunçar o que está estático demais
lembrar que tudo pode mudar abruptamente
a qualquer momento
Obrigada, Luiza!
2) Passei o fim de semana do meu aniversário (esse último dia 30/9!) num retiro de yoga. Adorei esse presente que me dei, e até bolo ganhei — depois de um relaxante savasana.
Alguns insights que gostaria de compartilhar aqui:
— Segundo o QiGong, nosso poder de visualização e imaginação são considerados um sexto sentido. Amei isso muito! Que riqueza poder fechar os olhos e lembrar, ver, fantasiar e projetar, não?
— Quando sentávamos em círculo para compartilhar sentimentos, histórias e ideias, a professora recomendava que falássemos sempre sobre “nossa perspectiva”, como “eu”, evitando colocar palavras e narrativas na boca dos outros ao dizer “você” ou “nós". Nunca sabemos de fato o que se passa com as outras pessoas. Fale por si — é uma forma de respeito. Gostei.
— Evite reclamar do clima. Até porque, do jeito que a coisa anda, você passará 100% do tempo resmungando.
3) E esse pensamento do Roland Barthes, que reli 500 vezes de tão fascinante que achei. Desaprender pode ser uma forma de sabedoria.
Há uma idade em que ensinamos o que sabemos. Depois chega outra idade em que ensinamos o que não sabemos; isso é chamado de pesquisa. Agora talvez chegue a era de outra experiência: a de desaprender, de ceder à mudança imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos conhecimentos, culturas e crenças que atravessamos.
Que me lembra também esse trecho da budista Pema Chodron:
As coisas desmoronando são uma espécie de teste e também uma espécie de cura. Achamos que o objetivo é passar no teste ou superar o problema, mas a verdade é que as coisas não se resolvem. Elas se juntam e se desfazem. Então elas se juntam novamente e se desfazem novamente. É exatamente assim. A cura vem de deixar que haja espaço para tudo isso acontecer: espaço para a dor, para o alívio, para a miséria, para a alegria.
Francesca Wade para nossa exposição Inherent Landscape, que abre em Londres na semana que vem :)
4) Além do preview da nossa exposição, que compartilho aqui em primeira mão, deixo também uma listinha de exposições que estarão em cartaz na terra do rei durante a feira de arte Frieze. Até pelo browser vale a viagem!
El Anatsui @ Tate Modern’s Turbine Hall
Nicole Eisenman @ Whitechapel Gallery
Marina Abramovic @ Royal Academy of Arts
Georg Baselitz @ Serpentine Galleries
Nicole Eisenman — uma das minhas favoritas da vida toda!
Philip Guston — nunca errou!
5) E essa reflexão de Simone Beauvoir na voz de Fernanda Montenegro:
6) Que tal esse livro infinito? Com suas páginas cortadas em tiras, que se movem e criam novas narrativas a cada reorganização, essa publicação nunca pode ser considerada lida. Há sempre uma nova versão a ser descoberta. O livro do poeta francês Raymond Queneau (1903-1976), Cent Mille Milliards de Poèmes — algo como Cem Mil Bilhões de Poemas — foi publicado em 1961.
7) Louca para ver o seriado Jury Duty, da Amazon Prime. Meu irmão recomendou vivamente. Disse que sente inveja de quem ainda não viu — hahaha.
8) Adorei a iniciativa de Stella McCartney. Além de ter feito um desfile 87% sustentável — seu recorde até hoje —, a estilistas inglesa criou uma feira durante a Semana de Moda de Paris onde apresentou cada um de seus fornecedores ecologicamente corretos para outras marcas e estilistas. A indústria da moda é uma das mais poluentes e fica cafona não pensar na origem dos materiais hoje em dia.
9) Denise Fraga na Folha de S. Paulo, sugerida pela minha querida Amanda Mei:
“A pessoa que vive com arte é muito mais apta à compreensão da imperfeição humana, portanto, ela vive melhor. Arte é saúde mental”, afirma. “Não é que você não vai sofrer se for ao cinema, ao teatro, se ler poesia. Mas você vai poder recorrer à arte, você vai estar de braço dado com o poeta e vai saber que vocês passaram por aquele mesmo sentimento, só que ele teve a capacidade de te dar palavras, de dar voz às suas angústias”.
10) Playlist pós-retiro de yoga:
— Segundo o QiGong, nosso poder de visualização e imaginação são considerados um sexto sentido. Amei isso muito! Que riqueza poder fechar os olhos e lembrar, ver, fantasiar e projetar, não?
... a maior riqueza é saber que o que vc vc vê atrás das suas pálpebras é a realidade... nao é o 6º ou o 1º ou nao importa qual outro nivel de "sentido"... é o seu...
amei tuuuuuudo, Gisa 🫠🫠🫠