1) Quando estive em SP, a exposição mais linda que visitei foi a da Eleonore Koch (acima) no MAC-USP (que para mim será para sempre o prédio do DETRAN!). As pinturas em têmpera, as misturas de cores que ela fazia, e a sensação — como ressalta o texto da expo — de que ela tinha uma visão cinematográfica: como se desse um zoom nas cenas e paisagens, chegando mais perto dos objetos. Fiquei ainda mais apaixonada por ela. Corram lá — fica em cartaz até 14 de julho. Doçura pura.
2) Trechinho do livro Eros the Bittersweet, de Anne Carson.
Sempre que uma criatura se dirige a algo que deseja, Aristóteles diz, esse movimento começa com a imaginação, que ele chama de phantasia. Sem a qual nenhum animal ou homem iria em direção ao desconhecido. Phantasia provoca mentes a se movimentarem, movidas pelo poder de representação; em outras palavras, a imaginação prepara o desejo como desejável na mente do desejante. Phantasia conta uma história à nossa mente. Essa história deve deixar uma coisa clara: a diferença entre o que é presente/real/conhecido e o que não é, a diferença entre desejante e desejado.
Boticelli
3) Quem disse que dormir na casa do amiguinho é coisa de criança? A moda está pegando entre adultos. No site Refinery29, a história:
Heidi Currid faz festa do pijama com as amigas pelo menos uma vez por mês. E não, ela não tem 13 anos, ela tem 30. “Nos encontramos em uma de nossas casas, vestimos o pijama imediatamente, servimos uma taça de champanhe e conversamos”, diz ela.
“Depois pedimos sushi e comemos na cama enquanto assistimos a documentários na Netflix. Assim que terminarmos o sushi, comeremos chocolate e continuaremos assistindo TV pelo resto da noite. Quando nos sentirmos cansados, adormeceremos ouvindo um audiolivro ou um filme.”
É um sonho adolescente, com algumas adaptações para adultos, como sushi e champanhe. Currid e seus amigos começaram essa tradição aos 19 anos, quando eram estudantes em Paris e tinham pouco dinheiro – a festa do pijama era uma forma barata de passar as noites juntos.
“Agora fazemos isso porque é divertido e às vezes não nos damos ao trabalho de nos arrumar e sair, principalmente quando temos uma semana dura de trabalho.” É um sinal dos tempos, diz a psicoterapeuta Caroline Plumer. “Estamos longe de estranhos, do barulho e da agitação envolvida em estar fora e longe de casa. Na nossa casa ou na casa de um amigo, nos sentimos mais à vontade para relaxar.”
O “baixo risco” de tudo isso faz com que a festa do pijama se torne atraente para adultos — depois de uma semana estressante de trabalho, é uma maneira fácil de relaxar e ainda encontrar amigos.
Le Lit (The Bed), de Toulouse-Lautrec, 18934
4) Todas as mulheres com mais de 35 anos deveriam se informar sobre climatério/perimenopausa e menopausa. Recentemente ouvi dois podcasts muito educativos, que recomendo vivamente.
Um em português, outro em inglês.
Georgia O’Keeffe, Red Canna, 1924 (Georgia O’Keeffe Museum)
5) Sinto um calorzinho no peito quando faço parcerias com mulheres que admiro. Nessa minha estadia paulista tive a sorte, a honra, o prazer de me reunir e trabalhar junto com Maria Helena Pessôa de Queiroz, da MH Studios, Flavia Steinberg, da FS Cooking e Paula Nazarian, da Newz da Naza/Naza Talks. Clique em cima dos nomes para segui-las, se quiserem.
Saio dessas trocas admirada com a potência, com o profissionalismo e com o talento de cada uma delas (e de suas equipes, alô Ana Vitória, Mano e Monica!). E sabe o que mais? Com a sensação de que nascem, junto com esses jobs, amizades. Obrigada, meninas. Vocês são pura inspiração!
Maria Helena, Flavia e Paula: musas.
6) Outro dia, numa aula de yoga, diante de uma postura desafiadora, a instrutora disse uma coisa que vale para a vida:
Está difícil? Estude a situação em vez de desistir.
7) Gente, agora que me recuperei da correria pós-SP-Arte, já estou me preparando para uma próxima feira! A NADA Art Fair acontece aqui em NY no fim de semana de 2-5 de maio, ao mesmo tempo que Frieze, TEFAF e Independent, sendo a NADA a mais cool de todas :) Venham me visitar se estiverem na cidade. Vou apresentar trabalhos de Sofia Lotti, Bianca Kann e Matheus Chiaratti.
8) Eu amo ouvir a Oprah Winfrey. Depois que a vi ao vivo, fiquei escutando vários podcasts dela. Esse com o Thich Nhat Hanh foi interessante. Sobre ser um monge, ele diz:
Ser monge é ter tempo suficiente para praticar sua transformação e sua cura.
E para ajudar na transformação e na cura de outros.
A iluminação está sempre presente, se você respirar.
9) Conversinha musical com a super Cris Naumovs (@crisnaumovs), que quando não está discotecando por diversão, trabalha como consultora de criatividade, inovação e comunicação:
Seu baile chama Baile do Apego, sua playlist especial para Hottest Takes é sobre música de apego. Você é uma pessoa apegada? Quais são seus maiores apegos hoje?
Acredito profundamente no afeto, no amor, no que isso faz diferença na vida da gente. Gosto das minhas pessoas, gosto da ideia de ter formado famílias pela vida, então, sim, parece que sou uma criatura apegada.
Quando ouvi essa playlist (abaixo), cada música tocou meu coração. Quais suas primeiras memórias musicais da vida?
Sempre amei música como antídoto pra tudo. Dia ruim? Música alta no fone ou no carro resolvem. Dia feliz? Pode comemorar cantando hits que eu amo. Desde criança, sempre amei escutar música. Me lembro de ir na Feira do Bexiga, de antiguidades aqui em São Paulo, com a minha mãe e comprar, com uns 10 anos, o disco de capa azul do Cazuza e Barão Vermelho e minha irmã comprar um do The Smiths e eu ouví-los quase até furar (eram vinis, quase furavam mesmo).
O que você escuta quando está sozinha?
Escuto muito jazz e música clássica. Adoro colocar uma música que você não percebe o tempo todo e, de repente, faz um “amo essa música!”. Tenho playlists pra tudo: carro, banho, namoro, uma terça-feira. E amo músicas em línguas que eu não conheço, como japonês e italiano. Escuto muito sozinha, mas de vez em quando o algoritmo me trai e entra no meio de alguma lista que tô ouvindo acompanhada.
Tem um hit infalível? Mágico? Desses que animam qualquer pista?
Putz, aqui depende demais do clima da festa, mas vou te contar uma coisa: eu testo as músicas em casa sozinha, se meu pé ou quadril balançarem, vai funcionar na pista. Acho que Beth Carvalho mandando o povo choooooorar é desses infalíveis e que todo corpo balança.
Quando você soube que viraria DJ? Conta um pouco da sua trajetória.
Sempre fui muito tímida, mas amava as festas. O jeito que eu encontrei foi começar a discotecar em festas de amigos: estava na pista, mas com uma distância possível pra minha timidez. Faço como prazer e esporte desde 2000, pra poder continuar indo às festas e não deixar virar trabalho, poder sempre ser diversão.
Qual sua experiência musical mais marcante.
Meu primeiro grande show, dos Rolling Stones, em 1995, no Pacaembu, era o lançamento do Voodoo Lounge. A cenografia era um treco impressionante, com uns bonecos infláveis gigantes do Elvis Presley, Marilyn Monroe, eles cresciam no palco. Ver Mick Jagger rebolando, Charlie Watts sem suar e nem sorrir na bateria, Keith Richards e o cigarro preso na guitarra, pra uma garota de 17 anos foi absolutamente inesquecível.
Você escuta música sempre que dá? Eu sou assim, mas sei que o Chico Buarque não consegue ouvir música e fazer outras coisas ao mesmo tempo.
Escuto música o tempo inteiro, mas se eu souber a letra dá uma embolada na cabeça, então escuto muita música instrumental. Minhas estatísticas do final do ano são sempre bizarras na quantidade de minutos. E ando muito apaixonada pelos meus discos físicos novamente: assino clubes de vinis, sigo perfis, peço pros donos de loja acharem coisas que eu amo.
Qual você considera a melhor condição para ouvir música?
Estar respirando.
Que músico(a) brasileira da atualidade você acha que a gente devia escutar? Alguma novidade boa?
Ando muito apegada à Mãeana, que juntou João Gilberto e João Gomes. É gênia demais em juntar os JG num ritmo próprio. Recomendo demais!
10) Playlist apegada! Quase morri com tanto hit apaixonado.
Quanta coisa maravilhosa! E essa menção mais do que generosa! Obrigada amiga querida ♥️♥️♥️
Sabia q dei aulas de respiração?